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Marcha dos Imigrantes exige direitos humanos

Linha fina
CUT defende “ratificação da Convenção da ONU para os trabalhadores migrantes”. Ato foi pelas ruas do centro de São Paulo
Imagem Destaque
São Paulo – Milhares de manifestantes tomaram as ruas do centro da capital paulista no domingo 8, na 8ª Marcha dos Imigrantes, que teve como eixo central a luta contra a violência e por direitos. Entre as prioridades está a criação de políticas públicas que integrem e incluam a sociedade e todos e todas imigrantes sem nenhum tipo de discriminação econômica, social e cultural.

A concentração iniciou na Praça da República e partiu pela Avenida São Luís até a Praça da Sé, com latino-americanos, asiáticos e africanos trocando experiências e fazendo uso do carro de som em suas línguas para afirmar a defesa comum dos valores da Humanidade e da migração como “direito humano”.

A beleza e a diversidade dos grupos musicais e de dança folclórica se somaram ao colorido das bandeiras de diferentes nacionalidades, afirmando a riqueza de experiências, esperanças e sonhos, partilhadas para integrá-las à nossa própria cultura.

“Somos um país que nasceu da miscigenação e foi a ebulição deste caldo de cultura tão intenso quanto plural que nos fez o povo que somos. Por isso, por uma questão humanitária e de justiça histórica, somos favoráveis à ratificação da Convenção das Nações Unidas para a proteção de todos os trabalhadores migrantes e membros das suas famílias”, declarou Antonio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da CUT.

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Conforme a carta da 8ª Marcha, “os imigrantes sofrem violência quando têm seus direitos negados, quando têm seu trabalho explorado, quando são invisibilizados, quando têm sua cultura desprezada, quando não tem acesso à saúde e educação, quando não têm direito ao voto, quando as mulheres imigrantes sofrem violência doméstica sem poder denunciar, quando sofrem xenofobia, preconceito contra sua língua, sua cor e sua origem”. Por isso, entre as exigências do movimento está a garantia de “dignidade no trabalho, pelo fim de todas as explorações e humilhações laborais, pela responsabilização das grandes corporações que enriquecem com a nossa força de trabalho, por leis mais justas e por equiparação salarial”.

Um dos organizadores do evento, o boliviano Daniel Colque destaca que a luta pelo direito ao voto é uma reivindicação essencial para dar maior visibilidade junto aos governantes e garantir mais espaço junto às administrações. “Queremos o direito de eleger e ser eleitos. Na Bolívia é assim que funciona e isso tem contribuído muito para o aperfeiçoamento da democracia. Acredito que seria muito bom termos reciprocidade”, acrescentou.

Para Jorge Carrilo Vallejo, chileno da organização Salvador Allende, acredita que “uma vez garantido o voto, o imigrante deixará de ser um cidadão de segunda categoria, e deixará de enfrentar tantas dificuldades e preconceitos, como nas escolas e no atendimento nos postos de saúde”.

Na avaliação de Andrea Carabantes, da Convergência de Culturas Warmis, é a falta de acesso à informação a base de onde deriva toda a violência contra os imigrantes, que ficam indefesos diante do desconhecimento dos seus próprios direitos.


Leonardo Severo, da CUT – 8/12/2014
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