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Unilab forma sua primeira turma

Linha fina
Criada no governo Lula, dentro do programa de expansão da rede de ensino superior, Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira é a primeira a chegar na região do Maciço do Baturité, no interior cearense
Imagem Destaque
São Paulo – A Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) formou sua primeira turma na sexta-feira 12. A turma "Luís Inácio Lula da Silva" tem 57 estudantes do curso de Bacharelado em Humanidades.

A solenidade, realizada no Campus das Auroras, entre os municípios de Redenção e Acarape, no Ceará, é repleta de significado: é a primeira formatura da primeira universidade brasileira que tem entre suas diretrizes estabelecer, na educação superior, um link entre o Brasil e os países de língua de expressão portuguesa, em especial os africanos. Sem contar a cooperação internacional Sul-Sul, de maneira colaborativa, solidária, para a formação de quadros e a produção de conhecimento por meio do intercâmbio acadêmico entre estudantes e professores.

Primeira da região – É também a primeira universidade a chegar a Redenção, na região do Maciço do Baturité, no Ceará, levando educação superior pública para jovens que dificilmente teriam acesso a esse nível de ensino, por meio do programa de ampliação da rede federal de ensino superior iniciada durante o governo Lula.

E, talvez o mais importante, a primeira vez que muitas famílias realizaram o sonho de ver um dos seus se formar numa faculdade. “Eu sou o primeiro da minha família a concluir o ensino superior” foi a frase quase unânime de estudantes de uma parcela da sociedade historicamente excluída do ensino superior.

“É um sentimento de muita felicidade, estou realizando um grande sonho da minha vida, que é me formar. Foi muito difícil o trajeto, mas deu certo e vou continuar. Eu sou o primeiro da minha família a ter ensino superior e espero que meus irmãos me tenham como exemplo”, disse Walef Santos, de 20 anos, nascido em Acarape, no Maciço de Baturité. Para ele, há a certeza de que a formatura é só o primeiro passo de um longo caminho de estudos que trilhará.

Aos 35 anos, Carlene Barbosa, de Igatu, no centro-sul cearense, mal conseguia conter a alegria. “O curso foi uma oportunidade única e é uma alegria imensa. O que a gente espera, daqui para frente, é continuar os estudos, continuar na Unilab, e daqui a três anos mais uma formação, do segundo ciclo do curso”, declarou.

Mãe da formanda Wilquelina Ponciano, primeira da família a concluir o ensino superior, a auxiliar de serviços gerais, Luísa Maria Ponciano era pura emoção: “Estou muito feliz de ela estar se formando. Fico muito agradecida, primeiramente a Deus e depois a ela, que se interessou. Que ela seja muito feliz, que Deus ilumine mais os passos dela e que siga em frente”, disse. "É um privilégio e emoção muito grande”.

“Hoje estou esperando o melhor. Suspiro de alívio, de tranquilidade, de ter conseguido a primeira etapa, que era fazer o bacharelado. Mas não posso falar disso sem falar da minha família, da minha origem, a gente tem que falar de onde vem. Eu venho de Cabo Verde, de uma família humilde, que não tem tradição de escolaridade. Basicamente sou o primeiro a ter um curso, e isso é motivo de orgulho para mim mesmo e minha família", afirmou o estudante Carlos Santos, de 26 anos, que veio de Cabo Verde.

Um direito – Em sua mensagem aos formandos, a reitora Nilma Lino Gomes falou da origem humilde. “Muitos dos nossos bacharéis aqui formados representam a primeira geração a cursar o ensino superior na sua família. E para nós que viemos de famílias pobres, com trajetórias de luta por direitos e por inserção social, a conclusão de uma graduação significa muito", disse.

De acordo com a reitora, a formatura representa a conquista de um direito. "Para as famílias pobres do Brasil, continente africano e Timor-Leste – e eu venho de uma família com estas características –, cursar o ensino superior não é simplesmente a ordem natural das coisas, o caminho posterior ao ensino médio. Significa a ruptura com uma história de desigualdade e exclusão. Significa a nossa presença em um espaço e tempo que não foi pensado para os pobres e coletivos sociais diversos, mas, sim, para as elites”, frisou.

A reitora destacou ainda o desafio do projeto da Unilab. Citando o português Boaventura de Sousa Santos, professor de Economia da Universidade de Coimbra, disse que o projeto acadêmico da Unilab é emancipatório, pois busca "formar sujeitos e mentes inconformistas e rebeldes diante da injustiça, das desigualdades, do racismo e de toda forma de discriminação”.


Cida de Oliveira, da Rede Brasil Atual –17/12/2014
 
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