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Estudantes fazem novos protestos e PM reprime

Linha fina
Três foram presos; número de escolas ocupadas chega a 208 no estado, segundo Apeoesp
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São Paulo – Estudantes bloquearam 11 avenidas de São Paulo na manhã desta quinta-feira 3, em protesto contra a “reorganização” do ensino, e foram duramente reprimidos pela polícia militar com bombas de gás lacrimogênio. Três jovens foram presos na avenida Faria Lima, na zona oeste da cidade, e encaminhados para a 15ª delegacia de polícia. O número de escolas ocupadas chegou a 208, segundo o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). As diretorias de ensino de Sorocaba e Santo André também estão ocupadas.

A reorganização, imposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), vai fechar pelo menos 93 escolas e transferir compulsoriamente 311 mil estudantes.

Promotores de Justiça do Grupo Especial de Educação (Geduc) e da Promotoria da Infância e Juventude da Capital do Ministério Público de São Paulo e defensoras Públicas do Núcleo da Infância e Juventude e Núcleo de Direitos Humanos anunciarão na tarde desta quinta-feira medidas judiciais que serão adotadas contra o projeto.

Durante o protesto, os estudantes fecharam as avenidas Francisco Morato, Heitor Penteado, Pompeia, Lapa (zona oeste); Estrada da M'Boi Mirim, Ponte João Dias, avenida Giovanni Gronchi (zona sul); Radial Leste, na altura de Itaquera (zona leste); avenida São João (centro); e impediram acesso ao centro de Diadema, no ABC paulista. Além disso, os estudantes travaram as marginais Tietê e Pinheiros, esta última em dois pontos: na altura do Butantã (zona oeste) e do Socorro (zona sul).

Na avenida São João, a Força Tática da PM reprimiu violentamente os estudantes que fecharam o cruzamento com a avenida Angélica, jogando bombas de gás lacrimogêneo, com a validade vencida, como denunciaram os manifestantes. Na avenida Faria Lima também houve uso de bombas de gás, além da "detenção para averiguação" dos três estudantes. A PM também reprimiu violentamente os protestos em Itaquera. Na Marginal Pinheiros, estudantes de Paraisópolis empunharam uma faixa perguntando: “se o noturno da EE Maria Zilda fechar, quem trabalha não vai mais poder estudar?”

Além das avenidas, os alunos também bloquearam os terminais João Dias e Santo Amaro, na zona sul. Em seguida, saíram em passeara até o Largo 13 e montam uma sala de aula no meio da rua.

O governo de São Paulo publicou na terça-feira 2, em apenas 166 palavras, o decreto que autoriza a transferência de professores para a implementação da reorganização escolar. O texto não é assinado nem sequer pelo secretário estadual de Educação e não menciona que as escolas serão fechadas, apesar de a própria Secretaria Estadual de Educação ter publicado, em 28 de outubro, a lista das escolas que serão "disponibilizadas", segundo palavras do órgão.

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Na manhã de domingo 29, 40 dirigentes de ensino do estado se reuniram com o chefe de gabinete do secretário de Educação, Fernando Padula Novaes, e receberam instruções de como quebrar a resistência de alunos, professores e funcionários. Novaes repetiu inúmeras vezes que se trata de "uma guerra", que merece como resposta "ações de guerra" e que "vai brigar até o fim". O áudio foi publicado pelo coletivo Jornalistas Livres, e replicado por diversos sites e blogues.

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Desde segunda-feira 30, estudantes denunciam que investidas truculentas contra as ocupações têm sido intensificadas pela Polícia Militar e pelos chamados "provocadores", supostos pais e diretores que criam confusão nos prédios ocupados, para justificar a entrada da PM nas escolas.

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Sarah Fernandes, da Rede Brasil Atual – 3/12/2015
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