Em pleno Mês da Consciência Negra, novembro, o Itaú esqueceu de tirar o discurso sobre diversidade do papel e aplicá-lo na prática. Isso porque o banco realizou uma seleção para seu programa de trainee e excluiu majoritariamente candidatos negros e pardos.
Em uma foto que viralizou nas redes sociais, os 125 aprovados no processo seletivo não demonstram que a diversidade racial foi um requisito para a escolha dos finalistas.
“Nos bastidores, o banco faz palestras valorizando a diversidade, e no discurso tudo é lindo, mas o que se vê na prática é, silenciosamente, o Itaú selecionando quem eles querem que representem a imagem do banco, excluindo pretos e pardos”, criticou o coordenador do coletivo de combate ao racismo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Júlio Cesar.
Para ele, os trainees são lapidados como “novas lideranças” do banco e eles serão invariavelmente lideranças sem representatividade racial.
“Recentemente, o IBGE trouxe dados sobre os negros ocuparem 50,2% das vagas nos cursos de ensino superior. Se temos negros e negras capacitadas, com formação superior, onde o banco identifica problemas para contratá-los?”, questiona.
Júlio lembra que uma das bandeiras mais importantes do Sindicato é a igualdade de oportunidades para todos, independentemente de raça, gênero, orientação sexual ou religião. "Por isso que, na Campanha 2018, reivindicamos e conquistamos a realização da terceira versão do Censo da Diversidade Bancária, cujo objetivo é traçar um perfil da categoria e assim embasar reivindicações do movimento sindical para a promoção da diversidade no setor bancário. Além disso, temos a mesa permanente de negociação com os bancos sobre igualdade de oportunidades, nas quais cobramos das instituições financeiras que de fato promovam respeito, justiça e maior inclusão nos locais de trabalho."
Resposta do banco
Em resposta à revista Raça, o representante do Itaú reconheceu que a seleção de trainees não refletia a diversidade do país: "Reconhecemos que o resultado do processo de seleção de trainees deste ano, mesmo com as mudanças que fizemos para torná-lo mais inclusivo, não reflete a diversidade que todos nós gostaríamos de ver. A experiência deste ano servirá de aprendizado para fazermos correções para os próximos processos."