São Paulo – O mundo comemora nesta quarta-feira 4 o Dia do Braille, técnica que permite a pessoas com cegueira total ou parcial ler por meio do tato. E pessoas com deficiência visual aproveitam a data para cobrar o maior uso do sistema de leitura e escrita no Brasil.
Cegos ou pessoas com baixa visão ainda reclamam da dificuldade de encontrar informações adaptadas. As iniciativas já existem no país, como cardápios em restaurantes e embalagens de cosméticos e de remédios em braile, mas ainda são muito escassas. “Os mercados não informam nada em braile sobre promoções (de mercadorias)”, disse a vice-presidenta da Associação Brasiliense de Deficientes Visuais (ABDV), Adriana Candeias, que é cega.
“A gente não tem condições de saber o que está comprando, a validade. Algumas empresas já estão implantando, mas ainda falta muito”, acrescentou o diretor administrativo da associação, Paulo Luz, que também tem deficiência visual. A vice-presidente reforçou que o braille garante independência aos cegos. “A partir do momento em que é oferecido algo em braille, a pessoa com deficiência visual passa a ser independente. Ela sabe que pode ir ao estabelecimento sozinha e vai ter total acesso”, destacou Adriana Candeias.
FB em braille – A garantia da igualdade de oportunidades sempre foi bandeira do Sindicato. Foi por isso que, em uma iniciativa pioneira, a entidade adaptou para o braille um de seus principais veículos de comunicação com a categoria. A Folha Bancária em braille foi lançada em abril de 2011, durante as comemorações dos 88 anos do Sindicato, e a demanda pela publicação aumenta a cada edição. Hoje já existem cerca de 80 pessoas com cegueira total ou parcial cadastradas para receber a edição, que também comporta textos com corpo maior para atender as necessidades de pessoas com baixa visão.
> Edição de janeiro da FB em braille
“Para as pessoas que já recebem a Folha Bancária normalmente é difícil reconhecer o significado de passarmos a receber um jornal em braille. Isso representa a igualdade no acesso à informação. Imagine não ter a Folha Bancária durante a campanha salarial e ter de correr atrás das notícias. É isso que temos de fazer por não termos uma informação rápida como os demais bancários”, disse Gisele Crisóstimo de Sousa, uma das bancárias cadastradas para receber a publicação, durante o lançamento do material no Momento Bancário em Debate de 26 de abril.
A inclusão também é o objetivo de outras iniciativas do Sindicato como cursos de libras e adaptação da sede para o acesso de cadeirantes. Além disso, a igualdade de oportunidade é um dos principais temas de negociação com os bancos. “Reivindicamos permanentemente a ampliação da contratação de pessoas com deficiência, a permanência e a possibilidade de ascensão desses funcionários dentro das instituições financeiras”, ressalta a presidenta da entidade, Juvandia Moreira.
Segundo o Censo 2010, existem no Brasil mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão.
Redação, com informações da Agência Brasil - 4/1/2012
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Método é pouco usado no Brasil. Em iniciativa pioneira, Sindicato adaptou seu principal jornal para o braille
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