São Paulo – A Fundação Projeto Travessia comemora a renovação de convênio com a Petrobras que permitirá a continuidade de um trabalho realizado desde sua criação. Braço social do Sindicato, o Travessia desenvolve, há 16 anos, o Programa de Educação na Rua (PER), com o objetivo de resgatar crianças e adolescentes em situação de risco no centro de São Paulo.
“Hoje o leque de atuação do Travessia é bem maior que há 16 anos, mas o PER sempre foi nosso ponto de partida”, ressalta o coordenador do projeto, Marcelo Caran, explicando que foi o trabalho desenvolvido no centro da capital que levou o Travessia aos bairros de origem dessas crianças, e a projetos complementares com as famílias e a comunidade.
A renovação do convênio, por dois anos, vai possibilitar a manutenção de uma equipe composta por um coordenador, um advogado, um educador de referência, seis educadores sociais, quatro arte educadores, um auxiliar administrativo e um motorista.
Não ao trabalho infantil – Além de manter as ações cotidianas do projeto, com atividades frequentes com os meninos e as meninas em risco social, o convênio com a Petrobras resultará este ano em campanha contra o trabalho infantil nas ruas da região central.
O objetivo, segundo Marcelo, é conscientizar comerciantes, clientes e a população em geral de que comprar bala de uma criança, por exemplo, é um ato nocivo e não benéfico. “Queremos esclarecer a população de que não é saudável comprar produtos de crianças em bares ou lanchonetes porque essa atitude mantém-as na rua e atrai outras para o mesmo destino.”
A campanha vai ainda orientar o cidadão sobre como proceder caso queira contribuir positivamente para o futuro dessas crianças. “Muitas vezes as pessoas compram o produto para aplacar uma culpa social. Queremos mostrar que elas podem ajudar de fato, mas da forma certa.” Uma delas, explica Marcelo, é o trabalho voluntário, outra é contribuição financeira a entidades. “O importante é procurar instituições idôneas que desenvolvam esse trabalho. Uma opção é buscar os projetos inscritos no Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – Fumcad”, sugere.
Campanha – A previsão é que a campanha contra o trabalho infantil tome as ruas do centro já em maio deste ano. “A primeira fase já está em andamento, que é o mapeamento do trabalho infantil no centro. Queremos identificar seus pontos, incluindo os estabelecimentos comerciais onde as crianças vendem produtos. Em seguida faremos a caracterização do problema: quem são essas crianças, de onde vêm, o tipo de trabalho que desenvolvem, o que vendem, o tipo de comprador etc. Essas informações vão embasar nossas ações futuras.”
A segunda etapa da campanha, diz Marcelo, será o trabalho de sensibilização dos comerciantes. “Vamos chamá-los a refletir sobre como, ao permitir a venda em seus estabelecimentos, estão prejudicando a criança. E convidá-los a serem parceiros, agentes multiplicadores junto à clientela.”
Finalmente, na terceira etapa, serão distribuídos impressos em bares, lanchonetes e outros locais onde se concentram pequenos vendedores. “O material informativo vai proporcionar esse outro olhar sobre o trabalho infantil. Propondo que o cidadão saia de um lugar de piedade para assumir uma postura de ação política”, resume Marcelo.
Serviço – Saiba como contribuir com o trabalho realizado pela Fundação Projeto Travessia acessando o www.travessia.org.com.
Andréa Ponte Souza - 11/1/2012
