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Diálogo social marca Secretaria das Mulheres

Linha fina
Durante seminário na CUT, secretária de Política para as Mulheres de São Paulo diz que enfrentamento à violência e autonomia econômica serão diretrizes. Trabalhadoras cutistas definem estratégias
Imagem Destaque

São Paulo – Manter o diálogo constante com os movimentos sociais será compromisso da secretaria especial de Políticas para as Mulheres da cidade de São Paulo. Foi o que afirmou Denise Motta Dau, secretária da pasta, na quarta-feira 24, durante seminário de planejamento da secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT.

> Política para mulheres ganha espaço na Prefeitura

Ex-dirigente cutista, Denise tratou do tema ao responder os questionamentos das lideranças sindicais presentes e garantiu que o diálogo será permanente. Segundo ela, será criado de imediato um fórum com participação dos movimentos sociais e, posteriormente, um conselho dos direitos da mulher, atrelado à Coordenadoria de Participação Social.

A secretária comentou também que o governo criará um banco de dados sobre violência contra a mulher, promoverá um programa de sensibilização preventiva junto às jovens e uma casa de passagem para apoiar mulheres vítimas de violência que precisem de ajuda imediata, mas não necessitem ficar em uma casa abrigo durante um longo período.

> Autonomia econômica no combate à violência contra a mulher

Retomar políticas – Denise Motta Dau fez ainda um resgate do surgimento da secretaria e lembrou que a ideia nasceu durante a campanha do então candidato, Fernando Haddad, que ficou sensibilizado com as denúncias de violência contra mulheres que ouviu nos bairros por onde passou.

A partir daí, a pasta foi pensada para atuar sob três diretrizes: enfrentamento a todas as formas de violência, com recuperação dos equipamentos para atender as mulheres, priorizar a autonomia econômica e buscar ações temáticas intersetoriais.

Juliana Borges, secretária adjunta de Políticas para as Mulheres do município de São Paulo, ressaltou que o governo pretende usar meios de comunicação subutilizados pela prefeitura municipal para dialogar com a sociedade.

“Pretendemos usar as TVs presentes em ônibus da SPTrans e o jornal da empresa para falar de enfretamento à violência, da saúde da mulher e de seus direitos, em vez de usar o espaço para informar a programação da novela”, disse.

Renda e selo de qualidade – Sobre o tema emprego, Denise lembrou que as trabalhadoras já correspondem a 52% da população economicamente ativa de São Paulo e citou que pretende implementar projetos de facilitação de acesso ao crédito e um selo premiando a empresa amiga da mulher, que faça estudos para estimular a capacitação e combater a desigualdade, além de cumprir as obrigações trabalhistas.

“Temos também de ter foco na promoção de emprego, trabalho e renda, incluindo a ampliação de rede de creches públicas, qualificação profissional, além do estímulo à participação das mulheres nos espaços de poder”, citou.

Apoio com cobrança – A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Rosane Silva, comentou que a Central apoiará o governo, mas não deixará de cobrar avanços. “Devemos lembrar que o estado de São Paulo foi o último a assinar o pacto contra violência e isso só aconteceu com muita pressão da CUT estadual e da Marcha Mundial de Mulheres. Mesmo assim, não vimos política efetiva até agora. Ainda hoje não temos uma secretaria estadual da mulher. Então, ter uma secretaria na cidade é um avanço muito grande, mas, ao mesmo tempo, traz grande responsabilidade para nós. E não deixáramos de pressionar por conquistas.”

Agenda da CUT - Presidenta em exercício da Central Única dos Trabalhadores, Carmen Foro, foi quem abriu a atividade citando os objetivos da entidade para 2013 e destacou que a prioridade é fazer avançar a pauta da classe trabalhadora no executivo e no legislativo. Desafio que a CUT e as demais centrais enfrentarão em uma grande marcha marcada para 6 de março.

Ela lembrou ainda a necessidade de as mulheres estarem articuladas desde já para efetivar a paridade em cargos de direção nas estaduais e na CUT nacional e anunciou a construção de uma grande atividade das trabalhadoras em 2014. “Participamos de várias ações em parceria com entidades dos movimentos sociais como a Marcha das Margaridas e a Marcha das Mulheres, mas é fundamental construirmos uma ação política nacional para 2014 protagonizada por nós, mulheres cutistas, para dar visibilidade à nossa ousadia”, acredita.

Encontro internacional – Representante da Marcha Mundial de Mulheres no Brasil (MMM), Miriam Nobre falou sobre o 9º Encontro Internacional da organização, que deve acontecer em São Paulo, no mês de agosto. A expectativa é reunir 2 mil pessoas durante sete dias de debates e oficinas, resultando em uma grande passeata.

Segundo Miriam, o objetivo é refletir sobre o feminismo que os movimentos estão construindo e pensá-lo como uma possibilidade concreta, além de discutir a renovação e dividir com as militantes de outros países a experiência da América Latina. “Apesar dos problemas, vivemos outro momento, isso é inegável. E há uma curiosidade sobre a relação dos movimentos sociais com o governo popular, como fazemos para empurrá-lo para radicalizar o processo de construção da igualdade”, finalizou.


Luiz Carvalho – CUT, com edição da Redação – 24/1/2013

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