São Paulo - o Relatório de Assassinato de LGBT de 2012, organizado pelo Grupo Gay da Bahia (GBB), aponta que no ano passado foram assassinados 338 homossexuais, o que equivale a uma morte a cada 26 horas. A pesquisa, divulgada na quinta 11, aponta um crescimento de 21% em relação a 2011, quando ocorreram 266 mortes, e um aumento de 177% desde 2005.
De acordo com o levantamento, Alagoas é o estado onde mais homossexuais são assassinados em termos relativos, com 5,6 mortes por milhão de habitantes. Paraíba ocupa o segundo lugar, com 19 assassinatos e 4,9 crimes por milhão, seguido do Piauí com 15 mortes, 4,7 por milhão de habitantes.
No outro extremo estão o Acre, que não foi citado pela pesquisa. Minas teve 13 ocorrências - 0,6 mortes para cada milhão de habitantes - Rio Grande do Sul e Maranhão registraram 0,7; Rio de Janeiro, 0,8; e São Paulo, 1,07 mortes por cada milhão de habitantes.
O índice nacional é de 1,7 vítima por milhão de brasileiros.
Em números absolutos, São Paulo é o estado onde mais homossexuais foram mortos, com 45 vítimas, seguido por Pernambuco, com 33, e Bahia, com 29.
Regiões - O grupo indica o Nordeste como a região com mais casos de homofobia, com 2,82 por milhão de habitantes. Norte (2,64) e Centro-Oeste (2,08) vêm logo atrás, ainda acima da média nacional, de 1,73 casos por milhão de habitante. O Sul registrou 1,19, e o Sudeste, 0,96.
Capitais - Embora Manaus tenha sido a capital onde foi registrado o maior número de assassinatos, 14, numero altíssimo se comparado com os 12 de São Paulo, em termos relativos. São 7,52 crimes por milhão de habitantes contra 1,05 da capital paulista.
Teresina é a capital mais homofóbica do Brasil, com 15,6 homicídios por milhão de habitantes, seguida de João Pessoa, com 13,4. Maceió ocupa o terceiro lugar, com 10,4 assassinatos por milhão de habitantes, enquanto São Paulo teve 12 mortes de LGBT, o que representa índice de 1,05.
Ponta de Iceberg - O GBB coleta e divulga informações sobre homofobia no Brasil há 32 anos e a pesquisa foi coordenada pelo Professor Luiz Mott, antropólogo da Universidade Federal da Bahia. "É fundamental que a sociedade civil, do mesmo modo como cada vez mais evita palavras e atitudes racistas, passe cada vez mais a respeitar a cidadania plena dos homossexuais, que não pleiteiam privilégios, mas apenas direitos iguais. Nem menos, nem mais", afirmou Mott.
O antropólogo alerta ainda que, apesar de o número ser alto, ainda é notória a subnotificação, "indicando que tais números representam apenas a ponta de um iceberg (...), já que nosso banco de dados é construído a partir de notícias de jornal, internet e informações enviadas pelas Ongs LGBT, e a realidade deve certamente ultrapassar em muito tais estimativas", afirma.
Para justificar que todos os 338 assassinatos de homossexuais apontados no levantamento tiveram cunho homofóbico, Mott afirma: “99% destes 'homocídios' contra LGBT têm como agravante seja a homofobia individual, quando o assassino tem mal resolvida sua própria sexualidade e quer lavar com o sangue seu desejo reprimido; seja a homofobia cultural, que pratica bullying e expulsa as travestis para as margens da sociedade onde a violência é endêmica."
Rodolfo Wrolli - 11/1/2013
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Grupo Gay da Bahia aponta 338 casos no ano passado, o que equivale a uma morte a cada 26 horas
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