São Paulo – Os bancários com deficiência visual recebem mensalmente uma edição específica: a Folha Bancária em braille. O informativo existe desde 2011 e é entregue aos trabalhadores de bancos públicos e privados pelos dirigentes sindicais em agências e departamentos.
Em 4 de janeiro é comemorado o Dia Mundial do Braille. A data remete ao nascimento, em 1809, de Louis Braille, criador há 188 anos do sistema de leitura para cegos, hoje difundido em todo o planeta.
“Recebo o jornal desde o primeiro número e com ele passei a conversar mais com meus colegas sobre o que precisamos para melhorar o ambiente de trabalho. Até então ficava na dependência de algum colega a ler notícias da Folha Bancária para mim”, afirma uma funcionária cega do Santander.
A trabalhadora, como outras pessoas com deficiência (PCDs), enfrenta a dura realidade de não ter oportunidade na ascensão profissional e até mesmo de mobilidade em seus departamentos. “Sempre sou elogiada pelo meu trabalho, pois tenho muito zelo pelo que faço. Mas acho que deveria ter oportunidade de carreira, de exercer outras funções”, revela. “Também seria bom se fosse colocado piso tátil em todos os setores, pois isso me daria mais segurança.”
Reivindicações - Tanto a ascensão profissional quanto a adequação das condições no ambiente de trabalho são reivindicações que vêm sendo apresentadas pelo Sindicato nas negociações com a federação dos bancos (Fenaban).
“A partir da FB em braille tivemos uma aproximação maior com esses trabalhadores e sua realidade. Assim cobramos que os bancos façam adequação de mobiliário e de equipamentos para que possam trabalhar com dignidade”, afirma a diretora executiva do Sindicato Neiva Ribeiro, que participa dos debates sobre igualdade de oportunidades com as instituições financeiras. “Nas reuniões com a Fenaban deixamos claro que essas pessoas não querem mais ser tratadas como quota. Elas querem ter chance de evoluir na carreira com os demais.”
Segundo dados do II Censo da Diversidade divulgados em 2014, os bancos ampliaram as contratações de pessoas com deficiência de 1,8% para 3,6%. Mas o número de bancários com deficiência motora caiu de 61,4%, em 2008, para 60,7%, em 2014. Por outro lado, a admissão de pessoas com deficiência auditiva subiu de 12,2% para 22,8% e com deficiência visual de 3,9% para 11,8%. “Mesmo com o aumento nas contratações as instituições financeiras ainda não atingiram a quota de 5% conforme estabelece a legislação. E, além de contratar mais, têm de dar igualdade de oportunidades na carreira.”
Receba a FB em braille – Caso você tenha algum colega que necessite da publicação, clique aqui (escolha setor "site") ou envie mensagem à [email protected]. Você pode também entrar com contato pelo 3188-5200 ou procurar um representante do Sindicato que visita seu local de trabalho.
É necessário que na solicitação enviada ao Sindicato conste o nome do bancário que irá receber a publicação, o banco e setor onde trabalha e telefone e e-mail para contato.
Jair Rosa – 5/1/2015
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Dia do nascimento do criador do sistema de leitura para cegos foi lembrado no domingo. Publicação do Sindicato permite que bancários com deficiência visual também apresentem reivindicações
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