São Paulo - A ONG britânica Oxfam divulgou, na segunda-feira 22, estudo que demonstra, em números, o país que nos tornamos: o patrimônio dos bilionários brasileiros alcançou R$ 549 bilhões no ano passado, crescimento de 13% em relação a 2016. Por outro lado, os 50% mais pobres tiveram sua fatia na renda nacional reduzida de 2,7% para 2%.
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“O Sindicato sempre trabalhou para que os bancários e toda a classe trabalhadora tivessem mais direitos. Que a riqueza dos bancos, dos patrões, fosse distribuída de forma a reduzir a absurda desigualdade que assola nosso país”, afirma a presidenta Ivone Silva. “Mas após o golpe, só perdemos: empregos, salários, direitos. Tudo está sendo reduzido, retirado em benefício de poucos”, critica.
“Foi um golpe contra os trabalhadores e agora está claro”, ressalta a dirigente. Após a eleição em 2014, do pior Congresso Nacional de todos os tempos, a CUT, o Sindicato e outras entidades representativas dos trabalhadores já apontavam para os dias difíceis que seriam vividos por quem realmente constrói a riqueza do país. Não por acaso, foram esses deputados e senadores – majoritariamente representantes do empresariado, do agronegócio, dos banqueiros – que aprovaram a deposição da presidenta eleita por mais de 54 milhões sem qualquer crime, conforme comprovado depois.
“Apesar das dificuldades, antes do golpe ainda se jogava o jogo da democracia. Avanços contra direitos podiam ser derrubados com o respeito e a força dos protestos dos trabalhadores”, lembra a presidenta do Sindicato.
Quando Michel Temer assume, começa a cair por terra aquela que estava para ser a quinta maior economia do mundo. Vice de Dilma Rousseff, teria obrigação de manter o projeto eleito nas urnas e o Brasil na linha do desenvolvimento, do crescimento econômico com inclusão social, do fortalecimento do Estado para todos. “Fez exatamente o contrário, está destruindo o país e até hoje pagamos a conta do golpe”, critica Ivone, mencionando a liberação da terceirização e a reforma trabalhista.
“Já foram mais de R$ 150 milhões gastos para acabar com o direito à aposentadoria. Estamos resistindo, mas até quando aguentaremos?”
Só a democracia salva – Em outubro, o país voltará às urnas. “Essa será talvez a única chance de recuperar a democracia e ver o Brasil voltar a crescer”, avalia a dirigente. “Se esse projeto que está fazendo do nosso país terra arrasada permanecer no poder, serão mais quatro anos de desmontes, retirada de direitos e enfraquecimento da classe trabalhadora. Não podemos permitir que isso aconteça.”
Assim, o Sindicato reforça sua posição na luta para que o destino do país seja decidido de acordo com os preceitos democráticos, no voto. “Temos nove meses pela frente. É o tempo de uma gestação. Acho que devemos pensar nosso voto com o amor e carinho que dedicamos a um filho, para termos saúde, boa educação, segurança, liberdade, alegria. Pesquise, informe-se por meios confiáveis, participe. Só assim conseguiremos trazer de volta o Brasil para todos os brasileiros.”