29 de janeiro é o Dia Nacional da Visibilidade Trans, mas a data ainda passa longe de ter uma comemoração, já que o Brasil ainda é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo.
Dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) apontam esse aumento. Somente nos dois primeiros meses de 2020, o Brasil apresentou aumento de 90% no número de casos de assassinatos. Foram 38 notificações, contra as 20 registradas no mesmo período em 2019.
O coordenador do Coletivo LGBT do Sindicato e dirigente sindical, Anderson Pirota, destaca que, a cada ano, os casos de violência contra as pessoas trans crescem e não há políticas públicas para combater esse tipo de violência.
"Todos os dias temos casos divulgados na mídia, mas não vemos a conclusão com as condenações merecidas. Recentemente, aqui em São Paulo, a co-vereador Iara de Oliveira, do PSOL, foi alvo de ataque por arma de fogo dentro da própria casa. Até quando vamos ver esse tipo de notícia?", indaga.
Somado aos números de violência, as pessoas trans ainda ocupam, majoritariamente, espaços marginalizados na sociedade, sobretudo no mercado de trabalho. Para Anderson Pirota, as pessoas trans tendem a se manter em profissões sem regulamentação, sem segurança e vulneráveis pela pouca opção de oferta no mercado de trabalho.
O dirigente ainda lembra que, desde 2009, os bancários conquistaram cláusula de diversidade na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), mas mesmo assim ainda há muito preconceito e falta de respeito no ambiente de trabalho.
“As pessoas trans além de lutar por suas vidas, precisam lutar por trabalho, políticas de saúde, contra a violência e inclusive pelo reconhecimento da própria existência. Somos um Sindicato com referência e de luta principalmente no que tange a questão da diversidade, o objetivo é avançar cada vez mais nos debates e nos direitos, embora que com tamanho do retrocesso aos direitos LGBTI+ no governo Bolsonaro, já expressados em várias de suas falas, entendemos que a luta não é apenas em busca da cidadania, mas também pelo acesso à educação e sua inserção no mercado de trabalho”, destaca.
A data
O Dia Nacional da Visibilidade Trans foi estabelecida em 2004, no governo Lula, tendo em vista o lançamento da Campanha Nacional Travesti e Respeito do Ministério da Saúde para combater a violência e a opressão contra as pessoas travestis e transexuais, que diariamente lutam pelo respeito à identidade gênero, orientação sexual, acesso às políticas de saúde pública, ao mercado de trabalho e vários outros direitos básicos.