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Chapéu
13,25% ao ano

Banco Central volta a elevar Selic e segue beneficiando o rentismo

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Centrais sindicais fazem manifestação nacional contra os juros altos em frente ao Banco Central na avenida Paulista, em São Paulo

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a taxa Selic em um ponto percentual, para 13,25% ao ano, na primeira reunião sob o comando do novo presidente, Gabriel Galípolo.

Com mais este aumento, o país manteve a segunda posição no ranking mundial de juros reais (9,18%), atrás apenas da Argentina (9,36%), que terminou 2024 com inflação de 118%, ante 4,83% (IPCA) no Brasil.

“Quais as justificativas para o Brasil manter a segunda mais alta taxa de juros do mundo? Por que o Banco Central toma decisões contrárias aos interesses da população brasileira? Porque aqui os juros estão subindo por pressão do mercado financeiro, sob a desculpa do combate à inflação”, afirma Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato.

A justificativa do BC para a elevação dos juros é conter a alta inflacionária. De acordo com o Boletim Focus, divulgado na segunda-feira 27, as previsões dos economistas indicam um crescimento dos preços.

Mas um levantamento realizado pelo UOL revela que, desde 2021, o mercado errou 95% das previsões relacionadas ao Ibovespa, à taxa de juros Selic, ao PIB (Produto Interno Bruto) do país, à variação do dólar e à inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

O discurso sobre a piora nas projeções da inflação é, ainda, um reflexo da desconfiança dos economistas em relação ao compromisso do governo Lula com o equilíbrio das contas públicas e a sustentabilidade do arcabouço fiscal. 

“Na prática, esta narrativa opera pretextos que beneficiam a elite financeira. A imprensa hegemônica e os agentes do mercado martelam sobre a urgência de conter os gastos sociais diante de uma crise fiscal imediata, mesmo em um cenário em que a economia cresce, o desemprego está em um dos menores níveis da série histórica, a inflação está em patamares menores do que em anos anteriores, e o país apresenta recordes na arrecadação de impostos”, pontua Neiva.

Cabe lembrar que o governo Bolsonaro deixou um rombo fiscal de quase R$ 400 bilhões para 2023, mas na época não houve pressão da mídia e do mercado para um ajuste fiscal ou controle dos gastos públicos.

“Autonomia” do Banco Central

Em 2021, o Congresso Nacional aprovou a lei que dá “autonomia” ao Banco Central. A medida impede o governo de conduzir a política econômica no sentido de estimular a economia e a geração de empregos; permitindo, desta forma, o controle pelo sistema financeiro da política monetária e a definição dos juros.

No mesmo ano, o Congresso brasileiro aprovou outra lei que autoriza o Banco Central a remunerar depósitos voluntários dos bancos.

O BC determinou que a remuneração por esses depósitos deve seguir a taxa Selic. Desta forma, diariamente os bancos recebem juros fixados pela taxa Selic.

Somente em 2022, o BC pagou R$ 180 bilhões de juros aos bancos sobre um percentual dos depósitos de pessoas físicas e jurídicas.

“A elevação da taxa Selic verificada nos últimos meses, para a qual, segundo muitos economistas, não há justificativa técnica, dão seguimento à captura do Orçamento pelos rentistas. Talvez este seja um dos motivos pelo qual o sistema financeiro efetua ataques especulativos à economia, aumentando artificialmente o valor do dólar e, com isso, empurrado para cima a inflação, o que estimulará o Banco Central a seguir elevando a Selic o que, por sua vez, continuará beneficiando as instituições financeiras”, afirma Neiva.

“Outro motivo que explica este movimento é a resistência das camadas mais ricas da sociedade a um governo eleito com a promessa de colocar os pobres no orçamento e os ricos no imposto de renda. Uma parcela da sociedade que não quer perder seus privilégios. As reações não só dos militares, mas da Faria Lima e do agronegócio convergem neste sentido”, finaliza a dirigente.

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