Após a polêmica envolvendo sua festa de 50 anos, em Salvador, a editora de estilo da revista Vogue Brasil, Donata Meirelles, pediu demissão na quarta-feira 13. A saída de Donata tornou-se uma questão de tempo, tamanha a repercussão negativa do evento, inclusive no exterior.
Para a dirigente sindical Ana Marta Lima, do coletivo racial do Sindicato dos Bancários de São Paulo, a pressão do movimento negro e de ativistas através das redes sociais foi essencial para que o episódio não passasse impune.
“Donata desrespeitou princípios importantes de religiões de matriz africana, expondo mulheres negras em sua festa de aniversário. Não houve erro ou descuido, mas uma tentativa de diminuir o povo preto, deixando um recado perverso de que o racismo que comanda nossas relações sociais ainda tem força”, explicou Ana.
Após a repercussão negativa, três empresas teriam cancelado o patrocínio do "Baile da Vogue", que acontece dia 21, em São Paulo, e outra ameaçou deixar, caso não fosse escrita uma nota de desculpas.
“Não podemos deixar que casos como este caiam no esquecimento, porque não nos deixam esquecer de como nossos ancestrais sofreram com a escravidão, e de como ainda sofremos com os efeitos perversos do racismo que perdura desde aquele tempo”, reforça a dirigente sindical.
Festa criticada
Durante a festa de aniversário de Donata, na sexta-feira 8, um espaço foi montado para os convidados tirarem fotos ao lado de mulheres negras vestidas de roupas e turbantes brancos, posicionadas em volta de uma grande cadeira, como se fosse de coronéis de engenho, em uma cena que remete à escravidão.