O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, anunciou na quinta-feira 6, redução em 0,25 ponto percentual taxa básica de juros, a Selic, para 4,25% ao ano. Para o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, esse novo corte indica que a atividade economia no país ainda praticamente “parada”, muito aquém do necessário para reativar o mercado formal de trabalho, que permanece com elevada taxa de desemprego.
O corte é positivo, segundo Fausto, porque reduz o custo do financiamento da dívida pública. Ele também espera que a redução da Selic contribua para a migração dos investimentos para o setor produtivo, o que poderia contribuir efetivamente para a retomada da atividade econômica, já que os títulos emitidos pelo Tesouro, remunerados pela taxa Selic, passam a ficar menos atraente aos investidores.
“Quando a Selic começa a ficar muito baixa, próxima à inflação, o investidor precisa buscar outros ativos, outros investimentos. O que se espera é que esses outros investimentos possam caminhar para o setor produtivo. Por exemplo, se caminha para os títulos imobiliários, vai ajudar a reativar a construção civil”, afirmou Fausto à jornalista Marilu Cabañas, para o Jornal Brasil Atual, na sexta-feira 7.
Para o consumidor, o corte na Selic tem impacto reduzido, porque as taxas de juros cobradas pelos bancos – cartão de crédito e cheque especial, por exemplo – não caem na mesma medida. O crédito caro inibe o consumo, o que também é um obstáculo para a retomada do emprego. O possível efeito negativo, segundo Fausto, é que se os investidores decidirem sair dos títulos públicos, o governo pode ter problemas para financiar a sua dívida.
“O Brasil está crescendo muito aquém do que deveria, e certamente muito aquém daquilo que o trabalhador precisa. A taxa de desemprego segue muito alta. É importante que a taxa de juros continue baixa e que o deslocamento do investimento saia do mercado financeiro e possa chegar no mundo real. É a aposta que a gente espera e gostaria de ver. Por outro lado, há questões muito mais complicadas do ponto de vista macroeconômico. O governo, afinal de contas, tem que financiar a sua dívida. Se o investidor começa a sair do Tesouro, alguém tem que pagar a conta. Para isso, o governo aposta na venda do patrimônio público, com privatizações, para cobrir esse buraco”, afirmou o diretor do Dieese.