O Itaú demitiu recentemente mais de 200 gerentes operacionais (GO) e gerentes-gerais comerciais (GGC) em todo o Brasil. O número pode ser ainda maior que isso, uma vez que as homologações não são mais feitas nos sindicatos desde a reforma trabalhista, que entrou em vigor em novembro de 2017.
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região questionou as demissões, e o banco negou que elas estivessem ocorrendo por conta do projeto de novo modelo de agências (projeto Itaú 2030), mas sim porque a empresa estaria buscando um “novo perfil de liderança” de profissionais.
“Cobramos que o banco realoque os trabalhadores que não se enquadram nesse 'novo perfil de liderança', ao invés de demití-los. Reforçamos ainda a nossa reivindicação para que o Itaú pare de demitir durante a pandemia. É inadmissível que um banco do porte do Itaú, que continua lucrando alto mesmo na pandemia, mande para a rua pais e mães de família que terão grande dificuldade de se recolocarem no mercado de trabalho nesse momento de grave crise sanitária e econômica”, protesta o dirigente sindical Sérgio Francisco, bancário do Itaú.
Projeto piloto nas agências
O Sindicato também questionou o banco sobre diversas denúncias de que o projeto piloto de novo modelo de agências (projeto Itaú 2030) – que a princípio envolveria apenas 50 unidades nas regiões de Guarulhos (SP) e São João de Miriti (RJ) – estaria sendo implementado em diversas regiões de São Paulo de forma não oficial.
“Instalou-se uma clima de tensão e insegurança nessas agências, pois os trabalhadores estão perdidos sem saber o que vem pela frente”, diz Sergio Francisco.
O Itaú negou que esse “piloto pirata” estivesse ocorrendo, uma vez que o projeto piloto muda mais de 8 mil acessos nas agências escolhidas, e se a unidade não faz parte do piloto, não consegue operar dentro desses acessos.
“Mas não é bem isso que os bancários estão denunciando. O que acontece é que diversas agências fora do piloto já estão se estruturando com novos cargos e nova forma de atuação, que é resultado da unificação das áreas Comercial e Operacional, uma das mudanças que fazem parte do projeto Itaú 2030”, destaca o dirigente.
O Itaú se comprometeu a levar o problema das agências que estão atuando no “piloto pirata” para ser discutido junto à diretoria.
GERA
Outro problema que está levando a muitas denúncias ao Sindicato é o Gera, programa que substituiu o Agir. “Na visão do banco, o novo programa traria 'benefícios coletivos' maiores e melhor resultado para o cliente, mas não é isso que dizem os bancários. O banco também se compromete a debater sobre o assunto em breve”, diz Sérgio Francisco.
Banco de horas negativa
Em negociação com o Sindicato, ficou acordado entre as partes que os trabalhadores terão um período de 18 meses, a partir do mês de março, com o limite de duas horas por dia, para compensar as horas negativas.
O acordo terá acompanhamento trimestral para avaliação podendo ser prorrogado por mais seis meses caso os trabalhadores não consigam zerar suas horas negativas. Leia mais sobre o acordo aqui.