São Paulo – Igualdade na vida, no trabalho e na sociedade. Com esse entendimento, as mulheres iniciaram na manhã desta sexta-feira 8 de março – Dia Internacional da Mulher- mais uma jornada de luta na busca por igualdade. Seminário promovido pela CUT/SP foi marcado por reflexões sobre a condição feminina na sociedade e o debate de como as políticas públicas são necessárias no enfrentamento da desigualdade.
“O tema por trás do dia de hoje não é uma luta somente das mulheres, mas de todos os militantes que querem construir um país justo, igualitário e com direitos”, ressaltou Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato.
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Consciência para mudar - O reconhecimento e a consciência de como a ordem estabelecida é opressora para a mulher não é de fácil entendimento, e sim doloroso. É o que explica Paula Loureiro, professora de Direito Público e estudiosa do feminismo. “Não é fácil aceitar a cultura enraizada durante toda a criação e desafiá-la, pois é doloroso enxergar a desigualdade e a opressão nas nossas vidas. Porém, quando você descobre essa condição, não consegue ficar parada e necessita se movimentar para mudar essa realidade”, disse.
“O feminismo não é uma luta de mulheres contra homens. É uma luta de homens e mulheres contra a opressão da sociedade machista e patriarcal, que coloca a mulher numa condição inferior”, destacou a professora, salientando a necessidade da união para quebrar a ordem que oprime a todos, inclusive os homens.
Nesse sentido, Maria de Lourdes, a Malu, diretora da Fetec-CUT/SP, observou que o desafio está em combater e atuar em cima das causas e não somente dos efeitos que a sociedade machista causa. “Se o movimento sindical quer lutar pelos trabalhadores, precisa entender que a classe é composta por homens e mulheres, daí a necessidade de políticas de organização específicas. Nós queremos que a mulher esteja preparada para debater todas as áreas do conhecimento necessárias para mudar a condição de opressão vivida”, defendeu.
Políticas públicas – Denise Motta Dau, secretária de Políticas para as Mulheres do município de São Paulo oriunda do movimento sindical, ao defender a necessidade da transversalidade das políticas públicas para combater as condições desiguais enfrentadas pelas mulheres, destacou o programa lançado pela Prefeitura de São Paulo no dia 7 de março, em comemoração ao mês da Mulher.
“O programa Mulheres em Todos os Espaços procura articular iniciativas de proteção aos direitos das mulheres nas áreas de saúde, transporte, habitação, assistência social e iluminação pública”, explicou. Como exemplo, destacou a campanha que será massificada no transporte público da cidade para sensibilizar e combater o assédio sexual nos ônibus, metrô e trens.
A iluminação pública foi outro exemplo destacado pela secretária. “Consideraremos o mapa que aponta os locais com incidência de casos de violência contra a mulher e priorizaremos a iluminação nesses lugares, onde a falta de iluminação facilita o abuso e a agressão.”
Além desses exemplos, Denise citou o aluguel social para que a mulher permaneça menos tempo nas casas de abrigos e possa recomeçar sua vida. “Precisamos também padronizar o atendimento às mulheres, através de um protocolo unificado, que possibilitará às secretarias de assistência social e de mulheres um entendimento comum sobre o tema.”
Foi lançado pela prefeitura também a cartilha “A São Paulo que queremos não tolera violência contra a mulher”, com orientações para vítimas de violência. O manual possui a Lei Maria da Penha na íntegra, além de explicações sobre direitos e endereços de todos os Centros de Cidadania da Mulher (CCM), Casas Abrigo e Centros de Atendimento para Mulheres Vitimas de Violência.
Ato público – Ao fim do seminário, as participantes saíram em caminhada até a Praça da Sé, onde se concentram para o Ato Unificado do Dia Internacional da Mulher, que acontece à tarde, com a presença dos movimentos sociais e feministas, de sindicatos filiados à CUT/SP, entre outras entidades.
Tatiana Melim – 8/3/2013
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No 8 de março, militantes e movimento sindical reafirmam que lugar da mulher é em todos os campos de atuação humana e reforça mensagem de que luta por condições iguais compete também aos homens
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