Pular para o conteúdo principal

Encontro da Mulher Trabalhadora aborda Petrobras

Linha fina
Coordenadora do Sindicato dos Petroleiros Unificado de São Paulo avalia que corporação está no alvo de um movimento pela privatização, com entrega do patrimônio nacional sob o disfarce de combate à corrupção
Imagem Destaque

São Paulo - O 8º Encontro Estadual da Mulher Trabalhadora da CUT São Paulo começou na tarde do domingo 8, com o tema Em defesa e fortalecimento da democracia - Igualdade, autonomia e liberdade para as mulheres, reunindo cerca de 200 participantes na quadra dos Bancários, centro paulistano.

> Fotos: galeria do primeiro dia do encontro
> Vídeo: matéria especial sobre o 8 de março

Na análise de conjuntura estadual e nacional que abriu a atividade, o destaque foi a defesa da Petrobras, empresa que representa 13% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Entretanto, a corporação está no alvo de um movimento pela privatização, com entrega do patrimônio nacional sob o disfarce de combate à corrupção, como avalia Cibele Vieira (foto ao lado), coordenadora do Sindicato dos Petroleiros Unificado de São Paulo.

"A riqueza prevista com o pré-sal é de US$ 9 trilhões e a direita brasileira quer todo esse dinheiro no bolso dos empresários e não para a população. É isso que está em disputa hoje e é isso que não podemos aceitar", pontua. Estratégica para a eficiência energética e para a economia do Brasil, com investimento de R$ 300 milhões diários no país, a Petrobras também é detentora de valiosa tecnologia para exploração de petróleo em águas profundas.

A dirigente criticou o desgaste fomentado pela mídia e alertou para os reflexos ao futuro da empresa devido a não certificação do balanço financeiro em 2014. Entre os impactos, o risco de pedidos de pagamento antecipado de dívidas, ou seja, débitos negociados para quitação a longo prazo poderão ser cobrados agora pelos credores.

> Democracia também é igualdade entre gêneros

Patrimônio nacional, interesse estrangeiro - Cibele questiona a atuação da auditora independente PricewaterhouseCoopers (PwC), que se recusa a aprovar as contas da petrolífera enquanto não se concluam as investigações para apuração de denúncias surgidas na delação premiada da Operação Lava Jato. A medida foi anunciada em novembro último, mas a PwC certificou a corporação em todos os anos anteriores - a Petrobras recebeu, inclusive, vários prêmios pela transparência das demonstrações financeiras. Agora, devido as denúncias, a PwC têm acesso ilimitado às informações, incluindo tecnologia e não só dados financeiros.

De origem inglesa, mas presente nos Estados Unidos desde 1890, a PwC, diz a dirigente, está, na verdade, representando interesses de investidores estrangeiros, aliados a parlamentares brasileiros, todos na busca da privatização. Além de não certificar, a Price rebaixou o valor de ativos do balanço, como refinarias, plataformas e navios - ativos que correm o risco de ir à venda, nos próximos meses, para pagamento de dívidas.

"A PwC afirma que é preciso vender de US$ 10 bilhões a US$ 30 bilhões em ativos que paguem dívidas para, então, talvez, aprovar o balanço, mas nem cita corrupção. O senador José Serra [PSDB] defende a privatização dizendo que a Petrobras tem que ser fatiada por ser muito grande. Mas por que empresa privada pode ser grande e estatal, não?", questionou.

Para o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, "lugar de corrupto é na cadeia. Não somos contra nenhuma investigação porque o combate à corrupção sempre foi nossa bandeira, mas vamos culpar quem tem que ser culpado. É uma atrocidade defender a privatização e, além disso, querer acabar com outros setores que dependem da Petrobras, como o de construção e a indústria naval", afirmou o dirigente durante análise de conjuntura nacional.

Freitas convocou as trabalhadoras para o ato nacional do dia 13 e frisou que a mobilização "não é nem pró e nem contra a presidenta Dilma Rousseff, mas, sim, pela democracia, pela reforma política, pelos direitos da classe trabalhadora pelo controle sobre a mídia. Eles não querem só o impeachment da Dilma, querem é acabar com os movimentos sociais que lutam por um projeto de desenvolvimento do Brasil".

Desmonte em SP - Na análise de conjuntura estadual, Adi dos Santos Lima, presidente da CUT São Paulo, criticou a agenda de estado mínimo que prevalece no estado mais rico do Brasil, vítima de um forte desmonte dos serviços públicos nas últimas décadas, especialmente na área da educação, saúde, segurança pública e mobilidade urbana.

O dirigente lamentou a falta de diálogo do governo estadual do PSDB com as centrais e com o funcionalismo público, o que obriga os professores a entrar em greve no dia 13 para abrir a negociação da campanha salarial em 2015. "Isso também mostra falta de democracia e reconhecimento não só com os trabalhadores da educação, mas de todo o setor público".

Segundo Adi, o caminho para inverter a situação "e enfrentar essa barreira que se chama PSDB, da mesmo forma que fizemos em 2002 contra o neoliberalismo. A população deu cheque em branco para que Geraldl Alckmin governe SP por mais quatro anos e, novamente, sem participação da sociedade. Depois de problemas como a crise da água, causado pela falta de investimentos e obras pelo governo estadual, o que mais pode acontecer?"

Homenagem - A abertura do 8º Encontro Estadual da Mulher Trabalhadora também foi marcada por apresentações artísticas e reconhecimento às organizações parceiras da Central, especialmente nas articulações e atividades voltadas às trabalhadoras.

Com voz e violão, as dirigentes Inez Galardinovic e Deise Capelozza, do Sindigasista, cantaram músicas de Milton Nascimento. Com a participação da secretária de Formação da CUT/SP, Telma Victor, e da rapper Pameloza, Inez e Deise emocionaram ao apresentar O bêbado e o equilibrista, canção de autoria de João Bosco muito conhecida na interpretação de Elis Regina.

Depois da apresentação musical, as seguintes organizações foram homenageadas pela CUT/SP: Coordenação Nacional das Entidades Negras (Conen); Marcha Mundial de Mulheres (MMM), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); Secretaria de Mulheres do Partido dos Trabalhadores e a União de Mulheres de São Paulo.

O evento prossegue na segunda 9, com a discussão, entre outras pautas, da paridade na Central e a eleição das delegadas (os) que representarão São Paulo no Encontro da Mulher Trabalhadora da CUT, que ocorrerá de 27 a 29 de março, em Brasília.


Flaviana Serafim, da CUT São Paulo - 9/3/2015

seja socio