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Serviços reúnem 70% das trabalhadoras em SP

Linha fina
Segundo pesquisa Dieese-Seade, as mulheres representam 46% dos ocupados e 52% dos desempregados na região metropolitana
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São Paulo – Do total de mulheres ocupadas na região metropolitana de São Paulo, 71% se concentram no setor de serviços, segundo pesquisa divulgada pela Fundação Seade, em parceria com o Dieese. No ano anterior, eram 69%. A presença é bem maior que a do homens: 46% dos empregados estão em serviços. Na indústria, a participação masculina é de 20%, ante 12% de mão de obra feminina. No trabalho doméstico, a diferença é ainda mais expressiva: entre os homens, apenas 0,4%, para 14% entre as mulheres. Os dados são referentes a 2014.

O levantamento sobre inserção no mercado de trabalho, que marca o Dia Internacional da Mulher, mostra ainda que elas representam 46% do total de ocupados na região metropolitana e 52% dos desempregados. Os números mostram pouca diferença em relação ao ano anterior, assim como a informação referente à população economicamente ativa (PEA): os homens são 54% e as mulheres, 46%. Mesmo assim, o Seade informa que a proporção de mulheres no total de ocupados é a terceira maior da série.

No ano passado, a taxa de desemprego feminina aumentou, passando de 11,7%, para 12,7%, "interrompendo trajetória de declínio iniciada em 2004. "Ainda assim, é uma das mais baixas da série, iniciada em 1985", aponta a pesquisa. Houve também crescimento da taxa para os homens, de 9,2% para 9,6%.

"Para as mulheres, a expansão do desemprego decorreu da relativa estabilidade do nível de ocupação concomitante ao pequeno crescimento da sua presença no mercado de trabalho", afirmam os institutos. "Já entre os homens, tal ampliação deveu-se ao aumento da força de trabalho que passou a fazer parte do mercado de trabalho da RMSP, em maior intensidade do que seu nível de ocupação." Em outras palavras, no primeiro caso a taxa subiu porque houve mais mulheres à procura de emprego, ainda que em menor intensidade, enquanto o mercado praticamente não criou vagas. A ocupação cresceu 0,7% para os homens em 2014, enquanto entre as mulheres houve queda de 0,1%.

Segundo a pesquisa, esse comportamento deve-se ao desempenho negativo na indústria de transformação, e no comércio, de certa forma compensado por serviços e construção. O nível de ocupação na indústria caiu nos dois casos, mas de forma mais intensa para as mulheres (-1,6%, ante -1,2% entre os homens). No segmento de comércio (que inclui reparação de veículos), a ocupação caiu 1,4% para a mão de obra masculina e 11,2% na feminina. Na construção, as variações foram de 16,1% e 1,5%, respectivamente.

No setor de serviços (70,9% do total de mulheres ocupadas), os ramos com expansão "foram justamente aqueles que absorvem tradicionalmente mais mão de obra feminina", como administração pública, educação, saúde, serviços sociais, alojamento e alimentação, entre outras atividades. "Quanto à forma de inserção feminina no mercado de trabalho, merece destaque o aumento do número de ocupações mais protegidas pela legislação trabalhista – em especial no setor público, seguido pelo assalariamento com carteira assinada no setor privado", diz a pesquisa. Entre vínculos considerados mais precários, caiu o assalariamento sem carteira, o emprego doméstico e o total de autônomos.

O estudo do Seade e do Dieese mostra ainda que o rendimento médio real, calculado por hora, cresceu pelo sexto ano consecutivo e passou a valer R$ 9,80, alta de 5,3% sobre 2013. Entre os homens, praticamente não houve variação (-0,2%), para R$ 12,04.

Em números arredondados, referentes a janeiro, a região metropolitana tem 10,8 milhões de pessoas na PEA, sendo 9,7 milhões de ocupados e 1,1 milhão de desempregados.

Metalúrgicos - Segundo a Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT (FEM-CUT) no estado de São Paulo, a presença de mulheres na categoria aumentou de 16,69%, em 2014, para 17,4% no ano passado. Elas representam 43 mil trabalhadores no setor, enquanto os homens somam 205 mil. O estudo foi elaborado pela subseção do Dieese na FEM e na Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM) da CUT, com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged, 2014) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais, 2013), ambos do Ministério do Trabalho e Emprego.

"A inserção, cada vez mais crescente, da mulher no mercado de trabalho ainda vem acompanhada de uma divisão sexual do trabalho, baixos salários, dificuldades de promoção na carreira e poucos cargos de liderança. Sem falar do assédio moral, que ainda se faz uma realidade constante", observa a economista Caroline Gonçalves, autora do trabalho. As mulheres na base metalúrgica cutista têm mais tempo de estudo: 23,4% possuem pelo menos nível superior, ante 13,8% dos homens. Mas elas recebem, em média, 29,6% a menos. Essa diferença chega a 32,9% na área de máquinas e equipamentos.


Rede Brasil Atual - 9/3/2015

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