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Mulheres cobram direitos e democracia

Linha fina
No Dia Internacional da Mulher, ato em São Paulo reforça que sociedade ainda discrimina mulheres e que pautas feministas só avançam junto da democracia
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São Paulo – O ato promovido pelos movimentos sindical e social na terça-feira 8, em São Paulo, deixou claro que o Dia Internacional da Mulher não é uma data festiva, mas de luta contra a desigualdade social entre os gêneros e pelo avanço rumo a igualdade de oportunidades. Milhares de pessoas com bandeiras e camisetas na cor lilás tomaram o vão livre do Masp, no ato unificado organizado por pelo menos 70 entidades, dentre elas o Sindicato. A passeata partiu da Avenida Paulista e desceu a Rua Augusta, rumo à Praça da República, gritando palavras de ordem e reivindicações.

> Fotos: galeria da manifestção

Entre as principais bandeiras, a defesa da democracia, descriminalização e legalização do aborto, ratificação das convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho) 189, destinada a melhorar as condições de vida de pessoas empregadas domésticas, e 156, sobre a igualdade de oportunidades e de tratamento para trabalhadores e trabalhadoras com responsabilidades familiares, além do fim da violência.

Na multidão, mulheres de todas as etnias, idades, origens e vivências somavam suas vozes.

A professora Helena Silva, 65 anos, fez questão de ressaltar que o dia é de luta, e de luto, relembrando que a data faz alusão a um protesto de operárias nos Estados Unidos, cobrando redução de jornada e melhores condições de trabalho, que acabou com a morte de muitas delas. “É lamentável que as pessoas achem que este é um dia de festa e esqueçam que este é um dia que tem origem nas mulheres trabalhadoras, do proletariado e que continuam na luta.”

Já a estilista Fa Teresa da Silva, 44, destacou a importância de se entender que mulheres diferentes têm necessidades diferentes. E que as negras sofrem ainda mais discriminação na sociedade. “É preciso que esse recorte seja feito, porque é a mulher negra que fica mais desempregada, que ganha menos do que a mulher branca, que morre mais em abortos ilegais”, ponderou.

A violência e os abusos sofridos sistematicamente pelas mulheres não tem idade para começar, e também foram lembrados entre as manifestantes. Para a estudante Isabel Neves, 13, é preciso lutar desde muito cedo para que a integridade e os direitos sejam garantidos. “O machismo acontece desde muito cedo quando, por exemplo, eu estou andando na rua e tem gente que buzina pra mim, quando perguntam porque eu estou usando determinada roupa. É preciso exigir respeito para que o machismo tenha fim”, disse.

Preconceito no mercado – No mercado de trabalho, a desigualdade não é diferente. Segundo um estudo recente da OIT, seriam necessários 70 anos para que essa diferença salarial entre os gêneros fosse eliminada. Um tempo de espera muito grande, segundo a presidente do UNI Finanças Mundial e diretora executiva do Sindicato, Rita Berlofa.

“Queremos essa igualdade já! Somos metade da população mundial, em alguns setores financeiros somos a maioria e nada justifica um salário diferenciado”, cobrou a dirigente. Rita disse ainda que é preciso aumentar a representatividade feminina nos espaços de poder, inclusive nos sindicatos. “Contamos com o apoio de todos os companheiros para isso, porque a responsabilidade não é apenas do gênero feminino, mas de toda a sociedade”, acrescentou.

“Apesar de recebermos flores e parabéns, hoje é um dia de resistência, um dia de reflexão sobre tudo o que já foi conquistado e o quanto falta para avançar. Por exemplo, as mulheres recebem, em média, 30% menos que os homens em cargos semelhantes. Entre as bancárias, essa diferença é de 22%”, lembrou a secretária de Formação do Sindicato, Neiva Maria Ribeiro.

Maria Rosani, secretária de Relações Sociais do Sindicato, reafirmou que o direito de decidir das mulheres, uma pauta importante para o movimento, passa pela defesa da democracia. “O direito de decidir e de eleger é parte da democracia, é reafirmar nossa liberdade de escolha”, afirmou.


William de Lucca - 8/3/2016

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