Pular para o conteúdo principal
Chapéu
Congresso

Governo Temer busca eliminar caráter social da Previdência

Linha fina
Em congresso organizado pela Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador, especialistas denunciam desmonte do sistema de Seguridade Social a fim de beneficiar o setor privado e afirmam que só a mobilização pode barrar este processo 
Imagem Destaque
Fonte: Seeb-SP

São Paulo – O sistema de Seguridade Social sofre ameaças desde que foi estabelecido pela Constituição Federal de 1988. Estes ataques se intensificaram exponencialmente a partir de maio do ano passado, quando Michel Temer tomou o poder. E quem está pagando a conta é o trabalhador e a população mais vulnerável. Essa foi a conclusão unânime dos participantes do congresso organizado pela Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (Cist) #ReajaOuMorraTrabalhando, que debateu Saúde e Previdência na tarde desta quinta-feira 23.

Um exemplo dessa investida é a Medida Provisória 767, que determina o cancelamento dos auxílios Doença e Aposentadoria por Invalidez, revê as carências e acaba com as perícias de reconsideração.  A diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado de São Paulo (Sinsprev) Thaize Antunes destacou que desde outubro do ano passado, 80% das perícias canceleram os benefícios.

“A situação é tão grave que o procedimento sumário prevê cessação inclusive dos benefícios em que o segurado teve de recorrer ao poder judiciário. Essa MP suprime esse direito. O médico perito pode avaliar que o segurado já não está mais incapaz para o trabalho e pode cessar o benefício. Nós entendemos que é uma afronta inclusive ao poder judiciário.”

A MP determina o pagamento de um bônus no valor de R$ 60 aos médicos peritos por cada perícia realizada. De acordo com a MP, este procedimento deveria ser executado fora do horário de expediente, mas não é o que vem ocorrendo, segundo Thaize. Isso está prejudicando o atendimento à população. 

Ela também denunciou que a MP prevê, ainda, o aumento da carência de quatro para 12 meses para requisição de benefícios como auxílio-doença e salário maternidade.

“Em um país de 13 milhões de desempregados, o trabalhador que ficar desempregado vai ficar um ano fora do sistema de Previdência. Isso deveria estar em todos os meios, mas infelizmente nós sabemos o que representa o sistema de comunicação do país.”

Lógica de seguro privado - O advogado especialista em direito previdenciário Antônio Jose de Arruda Rebouças avaliou que as novas medidas propostas pelo governo Temer na Previdência estão eliminando o seu caráter social garantido pela Constituição Federal. Ele citou como exemplo a fixação de um prazo máximo de validade para o auxilio doença e o fim da distinção entre homens e mulheres, professores, e trabalhadores sujeitos a condições de trabalho prejudiciais à saúde. 

“É uma lógica de seguro privado, porque se caminha para isso. O que estão querendo é introduzir uma tabela nos moldes do seguro privado para se enquadrar os benefícios eliminando o cunho social do sistema.”

O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (SindSep), Sérgio Antiqueira, lembrou da PEC 55, que limitará as despesas do Governo Federal com Saúde e Educação por 20 anos; e a reforma da Previdência, que vai impedir os brasileiros de se aposentarem com menos 65 anos de idade e 25 de contribuição. Os que quiserem contar com o benefício integral terão de contribuir por 49 anos.

Na avaliação de Antiqueiras, a estratégia do governo Temer com essas medidas é segurar a oferta do Estado por esses serviços obrigando a população a buscar a inciativa privada. “Tudo isso faz parte de um projeto de desmonte do país. Quem apoiou o golpe está cobrando a conta.”

A ficha começa a cair - Ele frisou que em muitos distritos da cidade de São Paulo, sobretudo na periferia, a expectativa de vida não chega a 60 anos de idade. Também destacou a estratégia do governo Temer de retirar servidores municipais e estaduais das novas regras da Previdência visando enfraquecer a oposição da população, mas ressaltou que mais de três mil municípios não contam com regimes próprios de previdência. 

“Ou seja, é uma mentira que ele vai retirar os servidores municiais da reforma. A luta que a gente tem que fazer agora é para não ter essa reforma. No dia 15 o Temer já demonstrou o desespero dele. O Brasil parou. Mais de um milhão de pessoas nas ruas. Nós vínhamos falando desde o ano passado que o golpe é contra a democracia, contra a população, contra tudo o que foi construído naqueles anos de redemocratização do país. Agora chegamos em um momento em que a ficha da população começa a cair.”

seja socio