São Paulo – Um evento de resistência. Este foi o legado do da 18º Fórum Social Mundial, que terminou em Salvador no último sábado 17. Milhares de ativistas de diversas partes do Brasil e do mundo participaram de debates, palestras, atos, passeatas, mesas redondas e oficinas em eixos como ancestralidade, democratização da economia, direitos humanos, democracia e culturas de resistência.
Durante todo o Fórum, os dirigentes do Sindicato participaram de atividades em diversos eixos, buscando aproximar as vivencias e necessidades da categoria com os debates promovidos no encontro.
“O Fórum Social Mundial é um evento de resistência e de esperança de emancipação dos povos, que vai muito além dos debates da categoria”, afirma a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro, que comandou a comitiva de bancários que esteve em Salvador.
Ela diz ainda que o Fórum é um espaço onde sonhos e esperanças de construção de um mundo melhor, “onde todos vivam em paz, liberdade e igualdade, com garantia de trabalho decente, democracia, direitos humanos respeitados, proteção social, distribuição equânime da riqueza e preservação do planeta, se unem, e todos juntos fortalecemos essa esperança de poder construí-lo”.
Eventos importantes e que contaram com a participação ativa do Sindicato incluíram a conferência sobre a Era do Capital Improdutivo, com a participação do economista Ladislau Dowbor, na Assembleia Mundial das Mulheres e nas homenagens a vereadora Marielle Franco e na palestra que discutiu os problemas comuns aos trabalhadores de todo o mundo em uma sociedade de economia globalizada.
Os dirigentes também participaram de discussões sobre temas específicos, como juventude, racismo e orientação sexual/identidade de gênero.
Genocídio negro
O debate sobre etnia aconteceu de forma interseccional em diversas mesas e palestras. O coordenador do coletivo racial do Sindicato, Júlio Santos, exaltou a riqueza dos debates, lembrando que o racismo estrutural permeia todas as instituições do país e faz com o povo negro fique excluído de mobilidade social e econômica.
“Tivemos debates sobre o combate do genocídio da população negra, especialmente entre os jovens, onde o número de mortes supera em muito o de outras etnias. Também tivemos espaço para discutir a saúde da mulher negra, negligenciada no serviço público e sobre a importância da demarcação das terras dos quilombolas e da herança cultural que eles representam”, relatou Julio.
Ele ainda disse que a crise ocasionada pelo golpe não foi esquecida. “A população negra, que é a parte inferior da base da pirâmide de nossa população, é quem mais sofre com as reformas e cortes promovidos por este governo. É preciso que lutemos cada vez mais por inclusão e por igualdade de oportunidades”.
Juventude ativa
O debate sobre os jovens aconteceu dentro do Acampamento Internacional da Juventude, em um espaço separado ao Fórum. Durante o dia de debates, grupos ligados a movimentos sociais e estudantis participaram das discussões e depois organizaram uma assembleia para definir os encaminhamentos em conjunto.
“A assembleia definiu como prioridade se articular e se organizar para participar da construção de comitês populares em defesa da democracia. Mais do que militância nas ruas, é urgente a necessidade de mobilização, nas escolas, nas universidades, em todos os lugares”, analisa a dirigente do Sindicato e vice-presidenta de Juventude da UniAméricas, Lucimara Malaquias.
Foram discutidos os eixos: vidas negras importam e uma nova política sobre drogas; educação, cultura, comunicação e mídias livres; Direitos humanos, desenvolvimento, justiça ambiental e social e acessibilidade; Ancestralidade, terra, territorialidade e povos indígenas; Feminismo, LGBTQ+, diversidade de gênero, direitos sexuais e reprodutivos; Migrações, xenofobia e intolerância, direito a cidade; Democratização da economia, solidariedade e mundo do trabalho.
“A juventude está empenhada e preparada para debater as pautas da esquerda, em todos os espaços públicos e queremos ter protagonismo na construção de saídas coletivas para a crise política econômica e social do país”, completa.
Ela cita que pautas urgentes incluem a pressão por políticas públicas que combatam o genocídio e o encarceramento da juventude negra, a necessidade da desmilitarização da polícia, políticas sérias e estratégicas de inclusão social, de acesso à educação, ao lazer, entretenimento como métodos eficiente de enfrentamento à violência e criminalidade.
Debate enfraquecido
Em relação às politicas afirmativas para a população LGBT, o coordenador do coletivo setorial do Sindicato, Maikon Azzi, acredita que o tema foi subpautado, apesar de ter estado presente, de forma transversal, em outras mesas e atividades.
“Discutir políticas de enfrentamento a homofobia, lesbofobia e transfobia é essencial em um momento que passamos, de crescimento do conservadorismo e dos ataques contra essa população. A cada 19 horas, um LGBT é assassinado no Brasil, e o tema deveria ter sido tratado de forma mais enfática durante a programação do evento”, critica o coordenador.
Pautas para o futuro
Para o secretário de Relações Sociais e Sindicais, Dionísio Reis, a participação da delegação de bancários do Fórum Social Mundial foi importante para socializar as experiências que a entidade acumula no ramo financeiro e integrar a diversidade de temas sociais nas pautas do Sindicato.
“Tivemos contato com muitas vivências e propostas que precisamos nos apropriar, debater e auxiliar na construção de políticas para a sociedade e para a categoria”, finaliza Dionísio.