Pular para o conteúdo principal
Chapéu
Março feminista

No mês da mulher, que homem queremos?

Linha fina
Debate sobre a desconstrução da masculinidade tóxica, do machismo e da misoginia precisa de homens dispostos a contribuir por uma sociedade sem opressão de gênero
Imagem Destaque
Guillermo Alonso/Flickr

O debate que a sociedade trava sempre que chega o mês de março, dedicado às mulheres, leva em conta muito o que não queremos para nossas relações de gênero, mas discute pouco o tipo de homens que precisamos para construir uma sociedade assim. Para o coletivo de gênero do Sindicato dos Bancários de São Paulo, este é um momento de discutir práticas dos homens que precisam acabar para que avancemos nos direitos das mulheres.

Um dos pontos principais é combater o que convencionou chamar de masculinidade tóxica, que incluem comportamentos desnecessários, destrutivos e ofensivos do homem para com aqueles que o cercam. Invariavelmente, esta toxidade inclui achar que a mulher e o que é feminino é inferior ao homem e ao masculino, gerando danos para a saúde mental e a socialização dos próprios homens.

Esta masculinidade deformada e predatória gera pressões que muitos homens simplesmente não conseguem suportar ou que eles extravasem a elas de forma violenta. Esta constatação se traduz em números: homens se suicidam quatro vezes mais do que as mulheres, de acordo com o Mapa da Violência Flasco Brasil, mas também morrem dez vezes mais do que as mulheres, vítimas de violência de uma forma geral, e não de gênero, segundo o IPEA.

Esse machismo institucionalizado em nossa sociedade faz com que o Brasil esteja entre os países com maior número de feminicídios. Segundo a OMS, o Brasil tem a 5ª maior taxa de feminicídio do mundo, crime praticado por homens contra a mulher por esta pertencer ao gênero feminino.

“Analisando estes números, fica claro que precisamos conversar, desde muito cedo, com os meninos sobre o quão danosa é esta masculinidade tóxica. É preciso criar as novas gerações e educar os homens para que eles não coloquem as mulheres em posição de inferioridade, que respeitem os direitos e colaborem com a promoção da igualdade de oportunidades, seja dentro de casa, na escola, no trabalho e na sociedade de uma forma geral”, explica a dirigente sindical Silmara Silva, membro do coletivo de gênero.

Além de ensinar os mais novos, há comportamentos que homens já formados podem banir e desincentivar entre seus amigos, familiares e colegas de trabalho. Alguns exemplos incluem elogiar a capacidade das mulheres que você conhece e não sua aparência, dividir as tarefas da casa e da educação dos filhos de forma igualitária, não usar “coisa de mulher” para se referir a coisas que considera inferiores e respeitar a luta de feministas que lutam por direitos iguais. É preciso se inserir na luta feminista.

"Importante que novas reflexões surjam e que novos confeitam sejam discutidos na sociedade, mas precisamos frisar que o machismo mata, e faz mal para todos, homens e mulheres. Por isso precisamos erradica-lo e construir uma nova sociedade com outros valores e novas bases de respeito e igualdade", finaliza Silmara.

seja socio