Há menos de 10 dias, três países da África foram devastados pela passagem do ciclone Idai. Moçambique, Zimbábue e Malaui registraram mais de 600 mortos até agora e milhares de pessoas perderam plantações e suas casas. Entretanto, a solidariedade internacional despendida para estes países é muito menor do que em outras tragédias semelhantes. O motivo? Racismo estrutural.
Para a dirigente sindical e membro do coletivo racial do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ana Marta Lima, o racismo estrutural explica a falta de atenção para com a tragédia africana.
“Depois de tanto tempo de tragédia, famílias inteiras ainda aguardam, ilhadas, esperando receber ajuda humanitária. As agências da ONU e as ONGs estão se esforçando para que a ajuda chegue, mas se compararmos com outros desastres, a ajuda é muito mais lenta, mais morosa e ainda insuficiente perante a dimensão da tragédia”, explica a dirigente.
Ana Marta lembra que pais perderam seus filhos, filhos perderam pais, e a situação no país comprometeu o abastecimento de água potável, fazendo com que doenças fatais, como malária e cólera, se alastrem pelos países.
“As pessoas estão em risco iminente de vida e a solidariedade internacional, seja de pessoas ou mesmo de países, não chega. Não existe pedido de oração, não existe pedido de donativos. Há uma invisibilidade de tragédias na África perante a sociedade e a mídia, diferente de quando ocorrem, por exemplo, em países da Europa. A solidariedade só existe para uma cor de pele”, finaliza.