As áreas de atendimento estão sob ataque no Itaú. Uma após outra as centrais estão sendo terceirizadas num movimento do banco para cortar custos, algo injustificável para uma instituição financeira que lucrou R$ 35,6 bilhões em 2023. Desta vez, 89 bancários estão sob o risco de perderem seus empregos na Central PJ, lotada no Centro Tecnológico (CT), na Mooca, que terão um prazo de dois meses para procurar uma nova vaga, passar pelo processo seletivo e conseguir permanecer no banco.
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região é totalmente contrário a terceirização e cobra do Itaú a realocação de todos os trabalhadores.
No último balanço apresentado aos acionistas, o Itaú destacou que, ao final do 4º trimestre de 2023, contava com 85.855 empregados no Brasil, o que significa um corte de 3.292 postos de trabalho em doze meses. De acordo com o relatório, a diminuição se deu após “iniciativas de eficiência” e “adequação dos times de atendimento e fechamento de agências”.
“O recado que o balanço traz é que o acionista está feliz com as demissões de trabalhadores quando ele destaca isso como “iniciativas de eficiência”. Para nós, trabalhadores, o banco terceiriza para retirar direitos, achatar a remuneração e maximizar lucros. Apenas com a receita da prestação de serviços e tarifas bancárias cobradas dos clientes, receita secundária, o Itaú cobre em 170% toda a sua despesa com pessoal, incluindo a PLR” – diz o dirigente do Sindicato e bancário do Itaú Sergio Lopes, o Serginho.
Terceirização = precarização
A possibilidade de terceirização de todas as atividades de uma empresa, inclusive da atividade-fim, é um dos prejuízos impostos pela Reforma Trabalhista, que entrou em vigor no final de 2017, na esteira do golpe de 2016.
De acordo com estudo da CUT, em parceria com o Dieese, trabalhadores terceirizados ganham, em média, 25% menos do que os empregados diretos – e no setor bancário chega a ser 70% menos –; têm jornadas maiores (trabalham em média 3 horas a mais por semana) e ficam menos tempo em cada emprego (em geral saem antes de completar três anos, enquanto a média de permanência do funcionário direto é de 5,8 anos).
Além disso, a terceirização também é uma forma dos bancos desmobilizarem a categoria bancária, uma vez que o trabalhador terceirizado deixa de ser bancário e não usufrui da Convenção Coletiva de Trabalho dos Bancários e de nenhum direito por ela previsto.
"O Sindicato vai monitorar de perto como se dará o processo e se a superintendência junto com o RH irá se esforçar para realocar os trabalhadores", conclui Serginho.