O Sindicato dos Bancários de São Paulo conseguiu reintegrar uma bancária que foi demitida pelo Itaú mesmo tendo sido considerada inapta para o trabalho pelo médico do banco, e com perícia marcada no INSS. A trabalhadora sofre de problemas psiquiátricos e teve uma síndrome de burnout justamente por causa do trabalho na própria instituição financeira.
Estas duas condições (ser considerada inapta para o trabalho e, portanto, ter atestado médico recomendando afastamento; e estar com perícia marcada pelo INSS) impedem que o trabalhador seja demitido.
Ao ser dispensada, ela procurou o Sindicato, que entrou em contato com o banco para alertar sobre a irregularidade e cobrar sua reintegração, no que o banco atendeu.
“Por isso, é muito importante procurar sempre o Sindicato [veja contatos no final do texto] diante de qualquer problema relacionado ao trabalho. Nossa razão de existir é a defesa dos trabalhadores e de seus direitos.”
Carlos Garcia, dirigente sindical e bancário do Itaú
“Esta caso também reforça mais uma vez o total descaso do Itaú, que, com frequência, demite bancários que ficaram doentes justamente por causa do trabalho. Uma prática que demonstra o desrespeito do banco aos seus empregados, que são os que se esforçam e muitas vezes adoecem para obter os lucros astronômicos da empresa”, acrescenta.
Dados reforçam violência organizacional nos bancos
Apesar de representar 1% do emprego formal no Brasil, a categoria bancária representa 24% dos afastamentos acidentários (B-91) por doenças mentais e comportamentais no país. Em 2012, esse percentual era de 12%.
Nos últimos 5 anos o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%, ou seja, entre os bancários a variação foi 1,7 vezes maior do que na média dos outros setores.
Nos afastamentos Acidentários (B-91) as doenças mentais e comportamentais saíram de 30% em 2012 para 55% em 2021 e as doenças nervosas saíram de 9% para 16%. De 1996 a 2005 ocorreram um suicídio a cada vinte dias entre os bancários. Em muitas situações nos próprios locais de trabalho. Os dados são do INSS.
“Estes dados revelam a violência organizacional da cultura profissional dos bancos, focada no assédio moral para o cumprimento de metas abusivas visando os resultados bilionários apresentados todos anos. Uma situação que prejudica não só a saúde dos trabalhadores, como toda a sociedade, responsável por arcar com os valores dos benefícios previdenciários dos trabalhadores afastados pelo INSS. O Sindicato continuará denunciando esta realidade e defendendo os trabalhadores, enquanto os bancos continuarem com essa visão organizacional adoecedora e prejudicial”,afirma Carlos Garcia.
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