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FB em braille faz dois anos auxiliando a inclusão

Linha fina
Informativo permite que bancários com deficiência visual apresentem reivindicações para melhorar condições de trabalho
Imagem Destaque

São Paulo – “A edição de março li dentro do transporte enquanto ia para casa. Esse formato é prático e dá autonomia para a leitura em qualquer lugar. E o conteúdo é muito bom, pois trata de nossas questões específicas e o que é discutido com os bancos.” O depoimento é de Ricardo, bancário do Santander, que recebe mensalmente a Folha Bancária em braille. A publicação do Sindicato para trabalhadores com deficiência visual completa dois anos de circulação neste mês.

Ricardo integra grupo de mais de cem funcionários que recebe o informativo em braille elaborado a partir da colaboração dos próprios trabalhadores. A sugestão do formato, por exemplo, de uma folha de sulfite dobrada, com oito páginas, mas em papel mais grosso que o usual partiu de Gisele Crisóstomo. Segundo a funcionária do Banco do Brasil, dessa forma as pessoas poderiam ler o jornal apenas com o apoio da palma da mão, sem a necessidade de utilizar uma superfície lisa como normalmente requer a leitura da impressão em braille.

“Fico feliz em ter colaborado com a iniciativa. E perceber que tem ajudado as pessoas é muito gratificante. Agora precisamos evoluir mais, para deixá-lo um pouco maior, com mais páginas”, afirma Gisele.

Baixa visão – Da experiência inicial da FB em braille surgiu outra necessidade das pessoas com baixa acuidade visual. A fonte impressa na FB em braille – embora obedeça padrão internacional – não atendia às necessidades de parcela desse público.

Para resolver o problema, o Sindicato passou a editar outro informativo, com o mesmo conteúdo da FB em braille, mas com caracteres bem maiores e que já circula a quase dois anos. “Agora consigo conversar com os colegas sobre as coisas que ocorrem no banco e em outras empresas. Me sinto mais integrada e eu e meus amigos do setor aguardamos com ansiedade cada edição. Guardo tudo desde o primeiro número”, afirma uma bancária do Itaú que, ao lado de outros 50 funcionários de vários bancos, recebe a FB com fontes maiores em seus locais de trabalho.

Reivindicações nos bancos – Segundo a diretora executiva do Sindicato Marta Soares o contato maior com os trabalhadores com deficiência provoca debates sobre suas questões tanto na mesa geral com a federação dos bancos (Fenaban) quanto em específicas dos bancos. “No Itaú, por exemplo, temos cobrado que haja piso tátil em todas as concentrações. É uma medida simples, mas que irá possibilitar maior autonomia ao deficiente visual.”

Outra discussão travada com as empresas é a ascensão profissional, uma das principais reivindicações dos trabalhadores. “No Santander exerço função de analista com eficiência e creio que estou preparada para outras funções. Quero ter oportunidades na carreira, não quero ficar para sempre no mesmo lugar”, afirma outra trabalhadora.


Jair Rosa 10/4/2013

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