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Revisão da Lei da Anistia avança no Senado

Linha fina
Projeto que exclui da norma aprovada em 1979 crimes cometidos por agentes públicos contra quem se opunha à ditadura
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São Paulo - A revisão da Lei de Anistia para permitir que militares e civis responsáveis por graves violações de direitos humanos sejam punidos avançou com a aprovação do PLS 237/2013, nesta quarta 9, pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado.

A proposta foi colocada em pauta a pedido dos integrantes da Subcomissão da Memória, Verdade e Justiça, que apoiam campanha da Anistia Internacional pela punição dos crimes da ditadura militar (1964-1985). O autor da proposta é o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

Logo no primeiro artigo, a proposta prevê que “não se incluem entre os crimes conexos (definidos pela Lei de Anistia) aqueles cometidos por agentes públicos, militares ou civis, contra pessoas que, de qualquer forma, se opunham ao regime de governo vigente no período por ela abrangido”.

O projeto segue agora para exame das comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

De acordo com Randolfe Rodrigues, o objetivo é superar o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da ADPF 153 de que crimes como tortura, sequestro e homicídio cometidos durante o regime militar sejam considerados conexos aos crimes políticos e, portanto, abrangidos pela Lei de Anistia.

O único mérito da Lei da Anistia, ainda segundo o parlamentar, foi garantir o retorno dos exilados, contrários ao regime.

"Não pode haver ódio, mas não pode haver perdão. Não é uma lei para olhar para o passado, é uma lei para olhar para o futuro", disse.

Tratados internacionais - Em relatório favorável à proposta, o senador João Capiberibe (PSB-AP) reforçou que o crime de tortura é imprescritível, conforme tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.

Presidente da Subcomissão da Verdade do Senado, Capiberibe participa da campanha promovida pela Anistia Internacional pedindo a revisão da Lei de Anistia. Desde o dia 1º de abril estão sendo coletadas assinaturas online a favor da revisão da norma.

Segundo ele, a persistência dos embates ideológicos em torno dos fatos trágicos ocorridos durante a ditadura civil-militar impedem, de certo modo, que aprendamos lições importantes sobre esse passado.

"E isso ocorre, em parte, porque muitos torturadores ainda podem se apresentar como defensores da ordem, e não como criminosos, pois jamais foram julgados. Hoje, importa para o país e para toda a humanidade que os crimes contra os direitos humanos sejam punidos, para que a impunidade não estimule a sobrevivência da cultura da tortura e da aniquilação violenta dos adversários políticos".


Agência Senado, com edição da Redação - 9/4/2014

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