São Paulo – O coletivo LGBT da CUT de São Paulo planeja incluir nas convenções e acordos coletivos uma cota para travestis e transexuais, historicamente um dos segmentos mais excluídos do mercado de trabalho formal. A proposta é do novo coordenador do grupo, Marcos Freire, empossado na quinta-feira 30. Ele planeja debater as cotas também em categorias cuja contratação se dá por meio de concursos públicos, como os metroviários e os professores.
“Na população LGBT, o T ainda é inexistente dentro do mercado de trabalho. Hoje, o que elas têm de oportunidade são alguns trabalhos estereotipados, como cabeleireira e maquiadora, mas a grande maioria está na prostituição, por questão de sobrevivência. Por isso queremos começar a discutir as cotas em algumas categorias”, diz Freire. Ao todo, 90% das travestis e transexuais do Brasil estão na prostituição, de acordo com um levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
A discussão deve começar por categorias que já têm um histórico maior de conquistas de direitos sociais, como os bancários e os metalúrgicos, além dos professores e metroviários. “Nosso principal objetivo é quebrar as barreiras e fomentar o combate à discriminação dos LGBTs no ambiente de trabalho”, conta o coordenador do coletivo. “Essa pauta tem interlocução e é transversal com outras lutas sindicais, como o combate ao racismo e a garantia de direitos às mulheres. Temos tido muito apoio desses grupos, estamos de braços dados no combate a qualquer forma de discriminação.”
Para combater o preconceito e a intolerância contra LGBTs no mercado de trabalho o coletivo da CUT planeja construir um calendários de ações juntos aos sindicatos, associações e confederações de trabalhadores que integram a central, além de criar novos coletivos LGBTs que atuem nas subsedes de sindicatos, para descentralizar os debates. “Formação é algo muito importante, por isso queremos fazer seminários, encontros e colocar essa pauta em foco nos congressos da CUT”, afirma Freire.
“Os gays e lésbicas sofrem muita discriminação no mercado de trabalho e têm mais dificuldades de ascender aos cargos previstos no plano de carreira e de conseguir aumentos salariais. É uma discriminação que muitas vezes não é nem velada. Esses casos de LGBTfobia afetam a autoestima do trabalhador e ele deixa de produzir o que deveria. A discriminação muitas vezes começa no ambiente escolar, com o bullying. Muitos acabam largando a escola e não conseguem boas posições no mercado de trabalho”, avalia.
O coletivo LGBT da CUT foi criado em 2010 e conta com 11 sindicatos. Freire ficará à frente da instituição durante um ano e na sequência seu suplente, Gill Barbosa, assumirá até o fim da gestão.
Discussão deve começar por categorias com acúmulo de conquistas sociais, como os bancários e os metalúrgicos