São Paulo – A tarifa de integração de ônibus, Metrô e trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em São Paulo vai passar de R$ 5,92 para R$ 6,80 a partir do sábado 15. Após cinco derrotas judiciais seguidas, o governador paulista, Geraldo Alckmin, e o prefeito de São Paulo, João Doria, ambos do PSDB, obtiveram uma decisão favorável do Superior Tribunal de Justiça (STJ), na segunda-feira 10. Cerca de 23 milhões de passageiros serão afetados mensalmente pelo reajuste, que chegou a 14,8%. A tarifa básica dos ônibus municipais, da CPTM e do Metrô permanece em R$ 3,80.
O prefeito e o governador ampliaram as formas de cobrança tarifária sobre a população que utiliza os sistemas de ônibus municipal, intermunicipal, trens e Metrô. A medida compensa em parte, para o caixa das administrações municipal e estadual, a decisão de não reajustar as tarifas básicas de ônibus e metrô, mantidas em R$ 3,80 no início do ano – e transfere o ônus para os usuários que precisam atravessar distâncias maiores.
A partir do sábado 22, os terminais que tinham integração gratuita entre o transporte municipal e da Região Metropolitana passarão a cobrar entre R$ 1 e R$ 1,62. Além disso, a gestão Doria decidiu acabar com mais seis modelos de Bilhete Único temporal, que eram usados por trabalhadores (vale-transporte) e estudantes. Só o bilhete mensal do tipo comum vai continuar sendo vendido.
O STJ também autorizou a cobrança de integração nos terminais em que os passageiros podiam mudar do sistema municipal para o intermunicipal gratuitamente. Será cobrado R$ 1 pela integração em Piraporinha, Diadema, ambos no município vizinho, e São Mateus, na zona leste da capital. Os três terminais movimentam cerca de 27 mil pessoas por dia. Eles fazem a ligação entre os ônibus da capital paulista e os que utilizam o Corredor ABD, que liga as regiões do Morumbi e Jabaquara, na zona sul, e São Mateus, na zona leste, a São Bernardo do Campo, Santo André e Diadema, no ABC.
Os terminais Capão Redondo e Campo Limpo, que têm integrações com a Linha 5-Lilás do Metrô (Capão Redondo-Adolfo Pinheiro), oferecendo ônibus para Itapecerica da Serra, Embu das Artes e Taboão da Serra, passarão a cobrar R$ 1,12, para quem chegar de ônibus e acessar o Metrô, e R$ 1,62 para quem fizer o caminho inverso. Nestes terminais, transitam cerca de 100 mil pessoas por dia.
O Bilhete Único Mensal unitário passará de R$ 140 para R$ 190 (sugerido para mais de 50 viagens) e o integrado vai de R$ 260 para R$ 300 (sugerido para mais de 44 viagens). Nesse caso, o aumento foi 35,7%, o que deixa o modal inútil para quem fizer menos de 51 viagens por mês. O bilhete 24 horas unitário (indicado para mais de quatro viagens em 24 horas) ficará em R$ 15 e o integrado passa a R$ 20. Todas as modalidades do bilhete Semanal permanecem extintas.
Também foram extintos os bilhetes temporais Vale Transporte (VT) e Estudante. A gestão Doria vai comercializar somente os bilhetes comuns Mensal e Diário. A vantagem dos bilhetes extintos era o uso contínuo por 30 dias, com o desembolso de 6% do salário pelo trabalhador e o restante pago pelo empregador, no caso do VT, e da meia tarifa proporcional ao bilhete mensal comum, no caso do estudante.
O desconto do bilhete Fidelidade, válido no Metrô e na CPTM, será de até 10,5%, de acordo com o número de viagens. O mesmo percentual será aplicado aos bilhetes Madrugador (Metrô, das 4h40 às 6h15; e CPTM, das 4h às 5h35); e Da Hora (das 9h às 10h, nas linhas 9 e 5), ambos fixados em R$ 3,40.
A bancada do PT na Assembleia Legislativa paulista, autora do pedido de suspensão do aumento das tarifas de integração, afirmou que vai recorrer da decisão. “O anúncio de aumento nos valores dos bilhetes temporais e das tarifas de integração com o Metrô e com a CPTM é um desrespeito à população da Região Metropolitana de São Paulo, em especial aos mais pobres, aos trabalhadores e às trabalhadoras e à juventude”, afirmou ontem, no plenário, o deputado petista Alencar Santana, líder da legenda.