
“Há 40 anos, homens e mulheres bancários tiveram a coragem de enfrentar um dos setores mais poderosos do país e mostraram que, quando a categoria se une, ela é capaz de conquistar direitos e transformar realidades. Essa greve não foi só por salários, foi pela dignidade, pela democracia, pela valorização do trabalho”
Luiz Cláudio Marcolino
A frase, do deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT-SP), ressalta a importância de uma das maiores mobilizações já realizadas pelo movimento sindical brasileiro. A greve nacional dos bancários, entre os dias 11 e 12 de setembro de 1985, parou o sistema financeiro nacional em plena ditadura. E começou a devolver aos trabalhadores a dignidade corroída pelos anos de desrespeito imposto pelo regime militar.
Para marcar esse evento tão caro à história da categoria bancária e ao movimento sindical brasileiro, o parlamentar, ex-presidente do Sindicato (2004-2010), promove no próximo 19 de setembro, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), a sessão solene Greve de 1985: 40 anos de resistência e conquistas.
- Saiba mais sobre a greve de 1985: Há 40 anos, um aviso: Se não sacou, é bom sacar… os bancários vão parar!
“Lembrar dessa luta é também reafirmar o nosso compromisso: continuar defendendo trabalhadores e trabalhadoras, fortalecendo o movimento sindical e mantendo viva a chama da esperança e da justiça social que inspirou aquela greve histórica”, afirma Marcolino, que é bancário do Itaú e acompanha de perto toda a mobilização do Sindicato em defesa dos bancários, a exemplo da luta contra a demissão em massa de empregados do banco em home office.

O deputado era um menino em idade escolar quando a greve de 1985 aconteceu. “A minha trajetória de luta começou depois, já no final dos anos 1980. E foi inspirada pelo ambiente político e social daquele período, que marcou um despertar para a importância da mobilização coletiva” lembra ele. “Em 1989, fui contratado pelo Itaú e comecei a trilhar o caminho que me levou à militância sindical e, mais tarde, à presidência do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.”
Marcolino ressalta a importância dessa sessão solene realizada em parceria com o Sindicato. “A greve de 1985 foi um divisor de águas não só na organização e na luta da categoria, mas do movimento sindical no Brasil. Não foi apenas uma mobilização por melhores salários, mas também uma afirmação de direitos em um contexto de redemocratização do país, simbolizando a resistência e a capacidade de unidade dos trabalhadores diante de um sistema financeiro poderoso.”
Sessão solene – Assim, afirma ele, essa sessão será também um reconhecimento da importância dos bancários que enfrentaram riscos e desafios para conquistar avanços salariais, benefícios e condições de trabalho que até hoje repercutem na vida da categoria. “A sessão solene também cumpre o papel de valorizar a memória histórica, fortalecer a identidade sindical e reafirmar o compromisso com a defesa dos direitos trabalhistas, em um momento em que novas lutas e ameaças ao trabalho digno continuam presentes. Para mim, que tive a honra de ser presidente do Sindicato e que hoje estou aqui como deputado estadual, promover essa sessão solene tem um significado muito especial. É como se a nossa história estivesse sendo celebrada dentro desta Casa Legislativa.”
O evento nesta sexta-feira, na Alesp, será realizado às 10h, no Plenário JK, com recepção a partir das 9h no Salão dos Espelhos.
A presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, vai compor a mesa do evento. “Essa sessão solene que homenageia a luta histórica dos bancários ocorre em um momento de enorme importância para a categoria e para todo o Brasil”, avalia a dirigente. “Estamos mobilizados em defesa dos empregos, dos direitos e também da democracia, único sistema no qual os direitos dos trabalhadores podem avançar. Lembrar a história, comemorar a força da nossa união e organização é fundamental para que possamos seguir avançando como categoria e como classe trabalhadora.”

Também vão compor a mesa a presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Juvandia Moreira; da Fetec-CUT/SP (Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito de São Paulo), Aline Molina; os ex-presidentes do Sindicato Gilmar Carneiro e João Vaccari Neto, além do ex-dirigente sindical bancário Luiz Azevedo.
Entre os homenageados estarão trabalhadores que participaram da greve de 1985 como Sonia Estela da Silva, a Fumaça; Maria Madalena Garcia Miranda; Antonio Lucas Buzato; Aci Aparecida Diniz Rangel; Nelson Jandir Canesin; Paulo Okamoto; Roberto Rodrigues. Serão lembrados in memorian os ex-presidentes do Sindicato Augusto Campos (1942-2017) e Luiz Gushiken (1950-2013), que conduziu a greve de 1985, além dos dirigentes bancários Dirceu Travesso (1959-2014), Raquel Kacelnikas (1955-2025) e Glória Abdo (1939-2020).
