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Desgoverno

"Meirelles foi o pior ministro da Fazenda da história", diz economista

Linha fina
Segundo Pedro Rossi, Henrique Meirelles, que deixou a Fazenda para ser candidato à presidência, foi o principal operador do desmonte do Estado
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Foto: Filipe Cardoso / Fotos Públicas

São Paulo – Em cerimônia realizada no dia 10, no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer deu posse a 10 ministros. Ele dirigiu o trecho mais caloroso de seu discurso ao agora ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que deixou a pasta para disputar as eleições como candidato pelo MDB à presidência. Segundo Temer, “o trabalho (de Meirelles) foi essencial para o Brasil recuperar a credibilidade das contas publicas e também retomar o crescimento sustentado”.

As “bases firmes” que atualmente sustentam o país, disse, são principalmente sustentadas pela Emenda Constitucional 95/2016 (mais conhecida como a emenda do teto dos gastos). Segundo o presidente, Meirelles deixa o governo “como um dos melhores ministros da fazenda que o Brasil já teve”.

A opinião do economista e professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Pedro Rossi é bem diferente. “Meirelles foi, na minha opinião, o pior ministro da Fazenda da história. Conseguiu conduzir o Brasil para a maior crise da história, que não começa na gestão dele, mas se torna crônica nessa gestão pelas medidas que adota”, afirma. Para o professor, o uso do gasto público pela gestão do ex-ministro da Fazenda é “extremamente perverso”.

“Ele praticamente zera a conta de investimentos e a gestão da política fiscal fica à mercê das emendas parlamentares e interesses políticos. Vai ficar marcada como uma gestão antidemocrática da política econômica, ao aprovar uma emenda que repactua o papel do Estado na sociedade sem uma discussão democrática”, diz Rossi. A era Meirelles é caracterizada “pelos piores resultados da história, em termos de investimento público e indução do investimento privado”.

Na gestão, o teto dos gastos comemorado por Temer é o que há de mais “absolutamente autoritário e antidemocrático, incompatível com a Constituição”, na opinião de Rossi, já que a Carta de 1988 é resultado de um amplo processo de debate. “Meirelles e Temer vão entrar para a história como aqueles que desmontaram o pacto da Constituição de 1988, e sem nenhuma legitimidade”.

Em seu discurso, Temer também enalteceu o trabalho de Ronaldo Nogueira no Ministério do Trabalho. Pastor da igreja Assembleia de Deus, ele também sai para se candidatar a deputado federal pelo PTB do Rio Grande do Sul. Temer destacou “a importância transcendente da (reforma da) legislação trabalhista implementada no país" durante a gestão de Nogueira. Segundo o presidente, a reforma “os ajudou a colocar o  Brasil no século 21”. O novo ministro, Helton Yomura, ocupava a pasta interinamente e foi efetivado.

A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, durante a gestão de Ronaldo Nogueira mostrou taxa nacional de desemprego subindo, no trimestre encerrado em fevereiro, de 12% em novembro para 12,6%. São 13,121 milhões de desempregados, 550 mil a mais em três meses. No período, o mercado fechou 858 mil postos de trabalho.

"Nosso objetivo é construir um novo Brasil, e não interromper o que foi feito até agora. Vamos completar a obra que começamos", prometeu Temer.

"Estão saindo os ministros do desmonte do Estado, os que desmontaram o que o Estado tem de bom, os instrumentos de política social, gasto público e direitos trabalhistas, que foram jogados no lixo. São os operadores do desmonte", diz Rossi.

Os 10 ministros são Eduardo Guardia (Fazenda), Helton Yomura (Trabalho), Moreira Franco (Minas e Energia), Esteves Colnago (Planejamento), Leandro Cruz Fróes da Silva (Esporte), Rossieli Soares da Silva (Educação), Alberto Beltrame (Desenvolvimento Social), Marcos Jorge (Indústria, Comércio Exterior e Serviços), Vinicius Lummertz (Turismo) e Antônio de Pádua de Deus (Integração Nacional).

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