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Chapéu
Contra a diversidade

Bolsonaro derruba diretor do BB por campanha com negros e negras

Linha fina
Presidente ordenou pessoalmente a retirada do ar da campanha voltada para o público jovem. Diretor de Comunicação e Marketing do BB, Delano Valentim, deixou o cargo
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Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro ordenou pessoalmente que o Banco do Brasil retirasse do ar uma campanha publicitária estrelada por atores e atrizes negros e jovens tatuados usando anéis, dreadlocks e cabelos compridos. A peça comercial voltada para o público jovem não agradou o presidente por ter "diversidade demais", segundo o blog de Lauro Jardim, em O Globo.

Ainda segundo o colunista, o diretor de Comunicação e Marketing do BB, Delano Valentim, funcionário de carreira do banco, deixou o cargo. "O presidente Bolsonaro e eu concordamos que o filme deveria ser recolhido. A saída do diretor é uma decisão de consenso, inclusive com aceitação do próprio", disse o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes. Ele não especifica, entretanto, o que havia de errado com a peça publicitária.

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"Essa atitude é um retrocesso ao debate de promoção da diversidade e da igualdade que cobramos do BB e de todo o sistema financeiro, que fere as ações que reivindicamos para combater a discriminação racial e a inclusão e promoção de mais negros no mercado financeiro. ", diz a secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Neiva Ribeiro.

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"É preocupante, é assustador, e esperamos que o Banco do Brasil reveja essa postura e que a propaganda volte ao ar, mas que não seja a única. Que mais e mais campanhas que incluem minorias como negros, mulheres e LGBT sejam lançadas. Valorizar a diversidade é bom para os negócios do banco, já que  varios negros, negras, homoafetivos e trans possuem conta no BB e outros podem vir a ter. Ou fortalecer o lucro do BB não interessa ao governo?", completa.

Reincidência

A postura anti-diversidade coaduna tanto com o histórico de Ruben Novaes quanto de Jair Bolsonaro. O presidente da República tem uma coletânea de frases de cunho machista, como quando disse que a deputada Maria do Rosário (PT), sua então colega de Câmara, não merecia ser estuprada por ser feia. A mais recente declaração homofóbica de Bolsonaro foi dada na manhã desta quinta-feira, durante café com jornalistas. Bolsonaro disse que o Brasil “não pode ser o país do turismo gay”. E foi além: “Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Agora, não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro”.

Já Novaes tem um histórico de postagens no Facebook carregado de misoginia, machismo e preconceito contra mulheres. Entre as postagens estão ofensas de cunho sexual, comentários jocosos sobre a aparência e a capacidade das mulheres, além do compartilhamento de notícias falsas e teorias conspiratórias descabidas. 

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Em nota a revista Veja informa que, em reunião no Banco do Brasil com várias agências de publicidade, foi determinado, por orientação do Planalto, que palavras como “lacrou” e outras ligadas ao universo LGBT estão proibidas de serem usadas em qualquer tipo de peça publicitária e de divulgação. A determinação, que a publicação classificou como “Dicionário da Censura”, valeria para todas as estatais.

Repercussão

A decisão preconceituosa do presidente repercutiu e gerou críticas. A Educafro, entidade que luta pela inclusão da população negra no ensino superior e no mercado de trabalho, pretende entrar com denúncia na ONU contra a retirada da propaganda. Segundo o coordenador da Educafro frei David Santos, a população negra há muito tempo luta pelo respeito à diversidade. "Essa propaganda consolida uma conquista dos excluídos. A decisão é muito equivocada, um retrocesso", afirmou ao jornal O Globo.

Sobre o vídeo censurado, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) classificou o episódio de censura como "mais um absurdo" protagonizado pelo governo. "Desta vez, Bolsonaro censurou uma campanha publicitária do Banco do Brasil estrelada por atores e atrizes negros. O motivo? Ao que tudo indica, a diversidade incomoda."

Já a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) questionou a atitude do presidente. "Onde já se viu um presidente tomar uma atitude dessas sem apresentar nenhum motivo plausível?! Bolsonaro não suporta ver a pluralidade de corpos e sotaques do Brasil."

O jornalista Leonardo Sakamoto, da organização não-governamental Repórter Brasil, destacou que a ação de Bolsonaro, além de ser "absurda e violenta" contra negros e LGBTs, representa uma interferência indevida do governo numa empresa de economia mista.

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