
Na Mesa de Saúde, ocorrida na manhã desta sexta-feira 25, o Comando Nacional dos Bancários voltou a cobrar da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) medidas efetivas para combater o altíssimo índice de adoecimento da categoria, comprovado por dados do INSS e da Previdência.
Os representantes dos bancários iniciaram a mesa debatendo a necessidade de cumprimento pelos bancos das Normas Regulamentadoras, em especial as NR-1 e NR-17.
A NR-1 foi atualizada recentemente pelo Ministério do Trabalho (pela Portaria MTE nº 1.419/2024) e determina que as empresas devem identificar, avaliar e controlar riscos psicossociais, como estresse, assédio moral e burnout. Enquanto que a NR-17 estabelece parâmetros para adaptar as condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, promovendo saúde e bem-estar no ambiente laboral.
“Hoje os dados de afastamento de bancários e bancárias por problemas psíquicos assume níveis quase epidêmicos e é preciso urgentemente combater isso. Assim, cobramos dos bancos que de fato cumpram o que determina as normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho. E a reunião foi produtiva porque chegamos a compromissos importantes”, avalia a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro.

NR-1 e cartilha sobre assédio
O movimento sindical e a Fenaban se comprometeram a fazer uma manifestação pública formal ao Ministério do Trabalho em apoio a NR1, que tem sido questionada por grupos empresariais.
Também foi discutida a elaboração de uma cartilha com orientações sobre o que caracteriza o assédio, o que define um ambiente de trabalho saudável e como os trabalhadores podem identificar e reagir a situações de violência organizacional.
A Fenaban informou que irá apresentar uma cartilha com diretrizes sobre o tema em até 90 dias. O movimento sindical, por sua vez, comprometeu-se a elaborar uma proposta de cartilha com fluxo e orientação para os trabalhadores em caso de necessidade de afastamento por motivos de saúde.
O Comando dos Bancários também reivindicou acesso às informações das pesquisas internas feitas pelos bancos, a fim de sugerir medidas preventivas com base em dados reais.
Repúdio a caso de assédio moral
Um caso em especial foi levado pelo movimento sindical à mesa: o de uma bancária do Goldman Sachs que sofreu assédio moral após retornar de sua licença-maternidade. Em consequência disso, a trabalhadora desenvolveu uma doença ocupacional.
“A licença-maternidade não é um direito apenas da mulher, é um direito de toda a sociedade, e é fundamental para as crianças se desenvolverem de forma saudável. Mas ao retornar da sua licença, a bancária foi assediada por ter passado esse tempo afastada: tiraram dela os trabalhos que gerariam bônus, remuneração melhor e o impulsionamento da carreira dela. Ou seja, eles inviabilizaram a carreira dessa bancária porque ela saiu de licença-maternidade. Então a gente cobrou e a Fenaban se comprometeu a questionar o banco, alertar sobre isso e ver que providências foram tomadas para que isso não aconteça de novo, nem no Goldman Sachs nem em nenhum outro banco”, informou a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, também coordenadora do Comando.
A Fenaban se comprometeu a buscar esclarecimentos junto ao banco envolvido e investigar o ocorrido, além de reforçar a importância do canal de denúncia.
Negação da realidade
Durante a mesa, a Fenaban manteve a postura de não reconhecer que o ambiente de trabalho nos bancos é fator determinante para o aumento de casos de doenças psicossociais entre os trabalhadores. A presidenta da Contraf-CUT rebateu com veemência a posição dos bancos. “Isso é um absurdo. Os números mostram que os bancários concentram uma parcela expressiva dos afastamentos por doenças relacionadas ao trabalho, especialmente quando se trata de transtornos mentais. As doenças mentais e comportamentais já são a principal causa de afastamento entre bancários. Em 2024, elas representaram 55,9% dos afastamentos acidentários na categoria e 51,8% do total de afastamentos previdenciários”, ressaltou Juvandia.
A Fenaban se comprometeu a apresentar o balanço dos canais de denúncias dos bancos, na próxima reunião.
Denunciem ao Sindicato
A presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, reforça que bancários e bancárias continuem denunciando, por meio do Canal do Sindicato, qualquer caso de assédio moral, pressão por metas e qualquer violação à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria.
“A questão da saúde mental é muito importante para nós, a gente trabalha esse tema há muito tempo. E a gente tem no nosso site o Canal de Denúncias, a gente tem a Secretaria de Saúde que está pronta para acolher os bancários que estão com problemas. O Sindicato pega todos os dados de atendimento para fazer estatística para ajudar nas mesas de negociação. É muito importante que você participe, que você deixe sua denúncia, sua opinião porque o adoecimento é um problema que a gente tem que trabalhar coletivamente, com mobilização, organização e campanhas. Não fique só, denuncie!”, reforçou Neiva.
