
Na última quinta-feira (10), o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região se reuniu com a Crefisa para discutir as condições de trabalho, jornada de trabalho legal e a preservação do emprego.
De janeiro a março, foram realizadas 8 demissões na Mesa de Crédito. Os desligamentos não tiveram motivos claros e contradizem a alta lucratividade recente da Crefisa. Por isso, o Sindicato cobrou o fim das demissões e a consequente redução da rotatividade existente na financeira. Que poderia chegar a 20% da Mesa de Crédito no ano.
A jornada de trabalho ilegal e o acúmulo de horas extras, para além das duas horas diárias, foram outro ponto abordado na reunião. De acordo com os trabalhadores, a Crefisa segue exigindo liberação dos gestores para que o empregado possa encerrar sua jornada e deixar o local de trabalho, mesmo após o término do seu expediente.
"Questionamos o que entendemos como uma jornada de trabalho ilegal e exaustiva, com pessoas trabalhando até 20h. Também é antiético a demanda, as análises de crédito, determinar o encerramento da jornada de trabalho, ou seja, mesmo o funcionário cumprindo sua jornada de trabalho só poder ir embora com autorização do analista sênior. O Sindicato exigiu o fim de tal prática abusiva e ilegal", relata o dirigente sindical Marcelo Gonçalves.
O Sindicato não é contra a realização da hora extra legal de trabalho, ressalta Marcelo. Entretanto, o dirigente cobra que a Crefisa valorize os analistas da Mesa de Crédito através de um salário digno: "A solução passa por um salário maior. Para que ninguém tenha uma rotina alucinante e fique refém ou dependente de jornadas de trabalho intermináveis e abusivas. Afinal, existe Vida Além do Trabalho!"
Os representantes do Sindicato insistiram ainda no compromisso de acesso ao local de trabalho para visita e diálogo com todos os trabalhadores. A entidade também cobra informações sobre a lotação dos empregados para que sejam promovidas campanhas de sindicalização junto a todos os financiários e financiárias do grupo Crefisa.
Tecnologia e trabalho
Durante as tratativas com a Crefisa, o Sindicato reiterou a preocupação com uma suposta reestruturação e com a automação e novas tecnologias que estão sendo implementadas na empresa. Na visão de Marcelo Gonçalves, elas devem coexistir com a preservação dos postos de trabalho.
"Vale registrar que a própria Crefisa, em reunião no dia 27 de novembro de 2024, através da sua diretora, Celita Rosenthal, afirmou que não haverá redução de postos de trabalho na Mesa de Crédito, mesmo com a implantação de novas tecnologias. Pelo contrário, a perspectiva é de mais contratações devido ao aumento de operações, sobretudo agora com o novo produto do 13º", comenta o dirigente sindical.
Plano médico
Recentemente, na Crefisa, houve mudança do convênio médico para uma nova operadora. Entre os empregados, há preocupação com a diminuição da rede credenciada. A empresa afirmou que o antigo convênio médico apresentou uma proposta de renovação inviável. Essa proposta, segundo a Crefisa, envolvia o descredenciamento de diferentes hospitais, com redução de toda a rede ofertada. O Sindicato reiterou o pedido dos funcionários por atenção à rede credenciada e pediu um esforço de gestão para a reinclusão de médicos que, por ventura, tenham sido descredenciados com a mudança do plano.
Acessibilidade
A acessibilidade foi outro tema importante nas discussões com a Crefisa. Na última quarta-feira (9), o Sindicato presenciou uma pessoa, provavelmente um trabalhador PCD da Mesa de Crédito, com dificuldade de acesso à portaria da Av. 9 de Julho. Essa é uma realidade constante nas portas de acesso aos locais de trabalho.
"A empresa afirmou que, em diversas áreas internas, já há preocupação com a acessibilidade, o que é importante. Entretanto, a acessibilidade deve ser um plano completo, e não pela metade", argumenta o dirigente sindical Marcelo Gonçalves.

Isaías Dias e Maria Cleide Queiroz, dirigentes sindicais com grande atuação nos direitos das Pessoas com Deficiência, também participaram da reunião. Na oportunidade, Isaías lembrou a história Nickollas Grecco, torcedor cego do Palmeiras, clube então patrocinado pela Crefisa, que recebeu um prêmio da FIFA voltado para torcedores com histórias marcantes.
"Nickollas Grecco foi premiado pela FIFA por ser um torcedor símbolo de inclusão no esporte. Em todos os jogos no estádio do Palmeiras, sua mãe narrava os lances da partida em seu ouvido. A Crefisa teve ganho em sua imagem com isso. Portanto, entendo que ela deveria ter mais sensibilidade e cumprir as leis garantindo condições adequadas aos trabalhadores PCD's", cobra Isaías Dias.
