São Paulo - Viver numa cidade limpa é o desejo de muitos paulistanos. Mas a falta de planejamento na limpeza urbana de São Paulo atormenta moradores e comerciantes em diferentes regiões da cidade.
A prefeitura municipal, segundo informação de Márcio Matheus, presidente da Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana de São Paulo), adotou em dezembro de 2011 um novo modelo de limpeza pública que integra os serviços de varrição, lavagem de vias, limpeza de bueiros, instalação de lixeiras, operação de Ecopontos e limpeza de monumentos.
Passado um semestre das novas medidas, a região central – por onde circulam cerca de 2 milhões de pessoas diariamente e que representa geograficamente 0,5% de toda a cidade – recebe uma “atenção especial” anunciada pela Prefeitura, mas ainda pouco perceptível. O Parque Dom Pedro II, na região da Rua 25 de Março (foto) é um dos locais onde o lixo se acumula, faltam lixeiras e não se vê a varrição diária, mesmo com o grande fluxo de pessoas.
Segundo Marco Antonio Ramos de Almeida, superintendente da Associação Viva o Centro, o número de cidadãos que transita pela área representa 20% da população que se movimenta em toda a cidade diariamente. “Como [a mudança da Prefeitura] é muito recente, ainda temos problemas e apresentaremos sugestões.” Entre elas, a substituição do material das lixeiras. “No mundo inteiro tem um padrão muito melhor. Aqui temos de plástico e poderiam ser de concreto ou ferro fundido, de alta qualidade e duráveis”, reivindica.
Da ponte pra lá – A falta de planejamento resulta em desigualdade na limpeza urbana, com prejuízo principalmente para os bairros periféricos. Para Ednilson Viana, professor do curso de Gestão Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), “embora haja muitos bairros ou vias públicas em que se nota limpeza exemplar, há outros em que parece que esse tipo de serviço não está dimensionado de forma suficiente”.
De acordo com Márcio Mateus, da prefeitura, “a varrição de ruas em São Paulo ocorre diariamente nas principais vias”. Ele afirma que regiões com fluxo intenso chegam a receber varrição até 10 vezes ao dia, “caso do Largo da Concórdia, no Brás”. O roteiro, no entanto, não inclui importantes avenidas.
A reportagem do Sindicato comprovou o problema nas zonas leste e sul. Enquanto o comerciante do Brás Janil Maia relata que a varrição é feita várias vezes por dia e as lixeiras foram trocadas recentemente, Sergio Branco, proprietário de um açougue na Avenida Anacê, região do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, observa que a varrição no local é feita somente às sextas-feiras e a coleta de lixo, em três dias da semana. Em outra avenida, a Tiquatira, na zona leste da cidade, Elizete Simarosti, funcionária de uma churrascaria, afirma que a empresa contratou uma coleta de lixo diária, já que a prefeitura não oferece o serviço com a mesma periodicidade. E segundo ela, a via pública é varrida somente duas vezes por semana.
Para melhorar a limpeza em toda a cidade, o professor de Gestão Ambiental da USP avalia que o poder público deve, em primeiro lugar, mapear os pontos críticos de descarte de resíduos. “E tem de rever a quantidade de coletores distribuídos pelas principais vias, praças e pontos de grande circulação de pessoas, além do modelo de coletores na cidade e investir pesadamente em campanhas para atingir a população. É preciso educar para buscar a mudança de hábito, não só no descarte de resíduos, mas também de evitar a produção de lixo”, completa Ednilson.
Cidadania – Limpeza urbana é um dos temas abordados na série especial de reportagens sobre os problemas que os trabalhadores enfrentam na cidade de São Paulo. Outros assuntos já tratados foram a mobilidade e a segurança.
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Gisele Coutinho - 21/5/2012
Linha fina
Vassoura se concentra em algumas regiões e passa longe de avenidas nas zonas leste e sul
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