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Rapidinha inspira bancário a ampliar debate

Linha fina
“Foi ótimo”, diz funcionário do BB sobre evento que esclareceu questões de sexualidade contra preconceitos e tabus
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São Paulo – Uma conversa sobre o que é (ou não é) ser hetero, homo, transexual ou travesti foi o tema do Rapidinha no Sindicato, realizado na quarta 14. Com a participação de palestrantes, os bancários puderam ampliar os horizontes e tirar dúvidas a respeito das formas de desejar e se identificar sexualmente.

Os convidados foram Cláudio Marcos Picazio, psicólogo, Djamila Ribeiro, mestranda em Filosofia, e Léo Moreira Sá, ator, sociólogo, transexual e militante histórico de movimentos libertários. A mediação foi da diretora do Sindicato Maria Rosani (centro, na foto ao lado).

Para Washington da Silva Williamson, do Banco do Brasil, o bate-papo foi bem bacana porque “a informação ao que a sociedade chama de problema é extremamente importante para o respeito e a quebra de tabus”, declara.

O bancário, que também é cipeiro, teve a ideia de promover um debate sobre o tema dentro de seu local de trabalho.

“Achei interessante a apresentação do doutor Cláudio. Foi didático e acessível ao falar sobre as variações da sexualidade humana. Comprei o e-book dele durante a apresentação e, como cipeiro, penso que seria muito importante fazer uma Sipat (Semana Interna de Prevenção de Acidentes) com ele, por exemplo, para discutir essas questões. A gente acha sempre que é um assunto do outro, mas muitos bancários passam por essas situações, inclusive na família, e o esclarecimento e o fim do preconceito é fundamental para a saúde mental e qualidade de vida”, disse.

O funcionário do BB lembrou também do Censo da Diversidade, um conjunto de questões respondidas pela categoria com o objetivo de conhecer grupos como homossexuais, mulheres, negros e pessoas com deficiência, para definição de reivindicações específicas. “Acho essas iniciativas muito importantes para o fim do preconceito e o respeito entre os colegas”, afirma.

Ser ou não ser - “Pode ser rapidinha, mas tem que ser bem dada” foi como Cláudio (à esquerda) abriu sua exposição, uma aula de originalmente de seis horas dada em 40 minutos.

“A primeira coisa é parar de usar a palavra “opção”. Desejar o outro ou o mesmo sexo não é uma questão de escolha, não há decisão, não há direito de decidir. São modos de expressão do desejo, que até hoje não sabemos da onde vem”, afirma o professor Cláudio.

“Outra coisa é entender que os comportamentos considerados femininos ou masculinos não fazem a pessoa ser ou não homossexual. Não vai ser lavando louça que o homem vai virar gay. Na prefeitura, trabalhei com um caso em que um menino sofria bullying porque só queria brincar com panelinhas e fogãozinho. Depois é que fomos descobrir que seus pais eram separados e seu pai era chapeiro no nordeste”, conta.

Djamila Ribeiro (à direita) falou sobre a imposição de papéis à mulher na sociedade machista. Para ela, qualquer atitude que não seja conveniente a quem tem mais poder é considerada “desviante”.

“É comum a gente ver as pessoas dizendo que a mulher que tem filho é “mais” mulher. Isso não é verdade. É importante entender que a normalidade é um discurso, resultante de um produto de poder”, afirma.

Djamila destacou também que a visão sobre a mulher negra também foi construída historicamente: “A mulher negra é vista como mais sensual, mais quente. Isso não tem a ver com a biologia, mas com a história porque vem do período da escravidão em que ela era estuprada e não podia falar não. Essa ideia se perpetua até hoje”, aponta.

Já Léo Moreira Sá (abaixo) deu um depoimento sincero sobre sua identidade sexual e intelectual. Militante transexual, sintetizou as apresentações, ao questionar o que é ser homem e mulher: “Não sou homem nem mulher, sou um ser humano em construção”, declara.

Bate-papo - A plateia de cerca de 30 pessoas não ficou passiva, perguntando e acrescentando experiências, inclusive no meio das exposições.

“O Sindicato é pioneiro na discussão dessas questões, da igualdade de gêneros, de salário igual para trabalho de igual valor, e pelo fim de qualquer preconceito. Somos a primeira categoria a conquistar convênio médico para casais homoafetivos”, diz a diretora do Sindicato Maria Rosani.

De acordo com a dirigente, já é a segunda vez que o Sindicato faz a Rapidinha. “Haverá um terceiro módulo e vamos manter os debates”, diz.

“Conquistamos o Censo da Diversidade, para conhecer as necessidades de grupos como homossexuais, mulheres, negros e pessoas com deficiência, e vamos continuar a luta por melhores condições de trabalho e contra qualquer tipo de discriminação”, afirmou.


Mariana Castro Alves – 15/5/2014

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