Segundo reportagem publicada pelo Broadcast Estadão, Bradesco e Banco do Brasil “tentam aparar arestas e superar a crise sem precedentes desencadeada pelas constantes mudanças no comando do banco público no governo de Jair Bolsonaro que, na semana passada, levaram à inesperada saída do presidente da Cielo”.
Bradesco e Banco do Brasil são sócios em sete empresas. Os negócios estão agrupados na holding Elopar, com exceção da Cielo.
Segundo o Estadão, a chegada de Paulo Guedes e sua equipe econômica, de perfil liberalizante, com a promessa de desinvestimentos e redução da máquina pública, despertou a atenção na sociedade entre Bradesco e BB.
O mandato de Rubem Novaes, primeiro indicado por Guedes e Bolsonaro para comandar o BB, trazia a determinação de venda de ativos como a Cielo, o que gerou custos para estruturar o desmonte sugerido pelo governo – e cansaço no Bradesco, relatam fontes ao Estadão, na condição de anonimato.
O desgaste entre os sócios Bradesco e BB ficou evidenciado com o pedido de renúncia do presidente da Cielo, Paulo Caffarelli, na semana passada.
Segundo o Estadão, o desenrolar da parceria entre Bradesco e BB têm sido acompanhado de perto por analistas de mercado, que demonstram ceticismo quanto ao futuro do casamento depois da crise instalada pelos liberais. “A troca de comando na Cielo só fez jogar lenha na fogueira”, diz o jornal.
“Essas trocas não são meras confusões, como a matéria quer transparecer. Estamos falando de grandes empresas com bilhões de reais em recursos, como a própria matéria enfatiza”, diz o coordenador da Comissão de Empresas dos Empregados do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.
“O que transparece nessas mexidas pode ser a possibilidade da entrada de um parceiro privado na administração das empresas. Normalmente, quem vinha administrando essas empresas era o próprio Banco do Brasil, através de suas indicações. E, agora, pode ocorrer uma reviravolta, com o Bradesco como o principal player nessas empresas”, alerta Fukunaga.
Segundo fontes ouvidas pelo Estadão, a ideia de vender a Cielo – que antes estava descartada – voltou a ser vista como essencial para o BB, diante da relação desgastada entre Banco do Brasil e Bradesco, o que estimulou as empresas a iniciarem “um novo ciclo”. O mesmo vale para os demais ativos, que devem ser mantidos na sociedade com o Bradesco.
De acordo com a matéria do Estadão, a notícia de que a Alelo, de benefícios, vai começar a atuar no setor adquirência, deixando a irmã Cielo de lado, deu esperanças ao mercado quanto à possível separação dos sócios. Como resultado, a líder das maquininhas viu seu valor aumentar em R$ 1 bilhão na bolsa, para R$ 11,4 bilhões.
“Essa é briga de cachorro grande. O Bradesco é aliado do Guedes e pode ser beneficiado por todas essas mudanças, como mostra o movimento de subida da ação da Cielo nos últimos dias”, avalia Fukunaga.
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