A COE (Comissão de Organização dos Empregados) e o Itaú reuniram-se, na sexta-feira 27, para discutir emprego, fechamento de agências e banco de horas negativo.
O movimento sindical deixou claro na mesa de negociação que não há justificativa nenhuma para o alto índice de demissões que vêm ocorrendo no Itaú, principalmente de trabalhadores com histórico de adoecimento e idade próxima aos 50 anos.
“Devido às reformas trabalhista e previdenciária, esses trabalhadores acabam não conseguindo mais se encaixar no mercado de trabalho, e assim não conseguem se aposentar. Bancos são concessões públicas e têm de ter responsabilidade social. Não basta o Itaú pregar que 'muda o mundo' em suas propagandas e, por outro lado, demitir trabalhadores adoecidos ou com mais tempo de banco. Isso é desumano, e com certeza muda o mundo pra pior”, critica Sérgio Francisco, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e integrante da COE Itaú.
A alegação do Itaú para os desligamentos são baixa performance nos anos de 2020 e 2021. Mas, ainda segundo Sérgio, é um argumento inadmissível, uma vez que o banco está cobrando bons resultados justamente no período mais crítico da pandemia de coronavírus.
“Entre 2020 e 2021 o mundo enfrentou a pior crise sanitária das últimas décadas, e no Brasil chegou-se a registrar 3 mil a 4 mil mortes por dia. Portanto, naqueles momentos era humanamente impossível atingir as metas impostas pelo banco. Os trabalhadores estavam visivelmente abalados emocionalmente com perdas de colegas de trabalho e familiares”, diz.
O dirigente lembra ainda que os bancários estavam entre as categorias profissionais que ficaram na linha de frente da pandemia: “As agências bancárias continuaram funcionando desde o início da pandemia no Brasil, em março de 2020, colocando em risco a vida dos trabalhadores e clientes. Muitas delas, com omissão de casos de covid 19 para que as metas fossem atingidas”, recorda.
Mesmo assim, o Itaú contra-argumenta que, embora as metas em geral não tenham sido atingidas, alguns funcionários entregaram resultados acima de esperado. “Não aceitamos as justificativas do banco e continuaremos cobrando o fim das demissões.”
Fechamento de agências
A representação dos trabalhadores também citou que, apenas neste ano, o banco já fechou 211 agências, das quais 108 na cidade de São Paulo. E destacou que esse número é alarmante, visto que a lucratividade do banco só vem aumentando.
Segundo o banco, os trabalhadores das agências fechadas foram realocados, e o Sindicato solicitou a relação desses trabalhadores para acompanhamento do processo de realocação.
Banco de horas negativo
O Itaú apresentou o cenário atual do banco de horas negativo, cujo prazo limite para compensação das horas negativas foi prorrogado para até 28 de fevereiro de 2023.
O banco se comprometeu a voltar a negociar a situação, principalmente dos funcionários de oito horas que não conseguirem compensar o saldo dessas horas.