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Chapéu
Terra Indígena Tenondé Porã

Luta dos povos originários de São Paulo pela demarcação marca Samba no Café

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Imagem mostra pessoas reunidas durante a terceira edição do Samba no Café

A luta pela demarcação das terras e para a preservação das matas e da cultura dos povos originários no extremo sul da cidade de São Paulo marcou a terceira edição do Samba no Café. O evento, que integra o projeto Doe Comitê Popular de Lutas, foi realizado na sexta-feira 5, na sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

“Não tem cabimento uma cidade do tamanho de São Paulo ter problemas como falta de demarcação de terra, de falta de habitação. Este é um espaço onde se promove um debate de luta contínua de cada um que estiver disposto a discutir e a conversar sobre os problemas de uma sociedade formada por um processo grave, de sequestro, de violência. Aqui tem de ser o lugar onde a gente vai discutir como mudar isso. Esta é a casa do trabalhador, da trabalhadora e do povo de luta deste país”, afirmou Chico Pugliesi, secretário de Relações Sociais e Sindicais do Sindicato e empregado da Caixa.

As lideranças Laura Araievoty e Kexeru Mirim, da comunidade indígena Tekoa Tapemirim/Barragem, na Terra Indígena Tenondé Porã, em Parelheiros, falaram sobre as dificuldades e ameaças enfrentadas pelos povos originários. As caciques enfatizaram também a determinação para a preservação da cultura e das matas, e para e demarcação da Terra Indígena.

“A gente quer cuidar do nosso mato. Se a gente não tiver mato, a gente não tem vida. A gente tá preocupado que a nossa mata está caindo (…) Nosso primeiro objetivo hoje é a luta pela demarcação de terra. Muita coisa a gente já perdeu. Queremos recuperar o que deixamos para trás. Eu penso no futuro das crianças, nos meus filhos. Amanhã não vou estar mais aqui. Mas enquanto eu estiver em pé, vou lutar pelo meu povo. Nós, índios, sofremos. As mulheres também sofrem. A gente tem de unir forças para seguir em frente. E vamos vencer essa luta. Nossa luta nunca vai acabar” afirmou a cacique Laura Araievoty.

A Terra Indígena Tenondé Porã possui 14 aldeias, habitadas aproximadamente por 2.200 pessoas. A área está na terceira fase de demarcação do território, ou seja, já foi declarada, mas ainda falta retirar os ocupantes não indígenas do espaço. Como a terra já foi delimitada, estes ocupantes não poderiam vender ou alugar o espaço que, segundo a União, é de domínio indígena. A área de quase 16 mil hectares foi demarcada em 2016.

“Há mais de 500 anos os povos indígenas estão lutando pela demarcação das terras. A gente sabe que é um direito da gente. Mas o governo não quer demarcar as terras. A gente vê muitos garimpeiros nas aldeias dos parentes. Em Mato Grosso, em várias aldeias eles entram e massacram os indígenas. Isso é doloroso para nós. A gente nasceu índio para cuidar da natureza e dos rios. Cuidar da nossa família e ensinar as coisas tradicionais dos nossos povos indígenas. Infelizmente estamos perdendo porque a maioria do povo guarani não é um povo de guerra. Mas a gente nunca vai abandonar essa luta”, afirmou Kexeru Mirim.

“As falas retratam não só este último governo, mas os 500 anos de um país que foi construído pela escravidão. Seja escravidão dos indígenas, seja escravidão do povo negro. E agora pela precarização das condições de trabalho, que tornou a sociedade muito desigual (…) Hoje nós viemos aqui para dialogar com os povos originários. Fizemos um formato diferente, em que podemos nos olhar, podemos nos ouvir, porque nos dias de hoje temos de tudo, menos a capacidade de olhar para o outro, de ouvir o outro. Olhar para o próximo é olhar a si mesmo. Sem isso não há progresso”, afirmou a dirigente sindical e bancária do Santander Susana Malu Córdoba.

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Após as lideranças contarem sobre as dificuldades enfrentadas pelos povos originários, os indígenas expuseram um pouco da sua cultura, por meio da dança e da música. Também houve exposição de artesanatos produzidos na Tekoa Tapemirim/Barragem.

O evento foi somado pela discotecagem de DJ Nem, que tocou clássicos do samba e do samba rock. Houve ainda arrecadação de alimentos não perecíveis para a campanha Bancário Solidário.

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