De acordo com levantamento da startup de aconselhamento jurídico Forum Hub, 18,3% das mulheres já sofreram assédio sexual no trabalho, percentual cinco vezes maior que o dos homens — de 3,4%. Infelizmente, o setor financeiro também está incluído nesta triste realidade, em todos os níveis hierárquicos.
Para fazer um diagnóstico do percentual de bancárias e bancários que já sofreram assédio sexual no ambiente de trabalho, foi incluída uma pergunta sobre o tema na Consulta Nacional aos bancários, que irá apontar as prioridades da categoria e ajudar a construir a pauta de reinvindicações da Campanha Nacional Unificada dos Bancários 2024. O sigilo é garantido.
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Caso Pedro Guimarães
Em junho de 2022 veio à tona uma série de casos de assédio sexual envolvendo o então presidente da Caixa, Pedro Guimarães (foto acima), indicado e aliado de todas as horas do então presidente da República, Jair Bolsonaro.
Na época, ao Ministério Público Federal (MPF), as vítimas relataram toques em partes íntimas, falas desrespeitosas, abordagens inapropriadas e convites inconvenientes por parte do chefe e presidente da instituição. Os casos de assédio teriam ocorrido durante atividades do programa Caixa Mais Brasil, realizadas em várias cidades do país. De 2019 a junho de 2022 – data da sua demissão – o programa acumulou mais de 140 viagens, a maioria aos finais de semana, nas quais Pedro Guimarães e equipe ficavam hospedados no mesmo hotel, onde ocorria, segundo as trabalhadoras, o assédio sexual.
Hoje, Pedro Guimarães é réu em processo fundamentado nas denúncias de assédio moral e sexual que pesam contra ele. O processo corre em segredo de justiça.
Marco de Luta
Em 2022, ano de Campanha Nacional dos Bancários, o caso envolvendo Pedro Guimarães, impulsionou ainda mais e tornou-se um marco da luta do movimento sindical bancário no combate ao assédio sexual.
Na Campanha Nacional dos Bancários de 2022, a categoria conquistou uma nova cláusula na CCT em repúdio ao assédio sexual que, entre outras medidas, prevê canais de denúncias e o treinamento de lideranças sobre o tema, e culminou no Programa Nacional de Prevenção à Violência contra as Mulheres, que em março deste ano lançou duas publicações “Sexo frágil: um manual sobre masculinidade e suas questões" e "Como conversar com homens sobre violência contra meninas e mulheres", elaboradas respectivamente pelas ongs Instituto Maria da Penha e Papo de Homem.
“A luta do movimento sindical bancário contra o assédio sexual no ambiente de trabalho, e contra toda forma de violência e discriminação de gênero, já supera os 20 anos, quando foi criada a mesa de Igualdade de Oportunidades. Em 2022, avançamos com uma cláusula específica sobre assédio sexual na nossa CCT. Agora, para continuarmos avançando, é fundamental que tenhamos uma consulta nacional representativa, com ampla participação da categoria, na qual poderemos saber o percentual de bancárias e bancários vítimas de assédio sexual no trabalho. Desta forma, teremos mais força para pressionar os banqueiros por mais instrumentos de combate a este crime dentro dos locais de trabalho”, conclama a secretaria de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Valeska Pincovai.