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Por que o Sindicato é contra a alta dos juros e como ela afeta sua vida?

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Por que o Sindicato é contra a alta dos juros e como ela afeta sua vida?

Durante todo o ciclo de alta dos juros conduzido por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central até o fim de 2024, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região denunciou as consequências dessa política para a economia brasileira.

Infelizmente, Gabriel Galípolo, sucessor de Campos Neto no BC, vem seguindo a mesma lógica à frente da instituição e cedendo à pressão do mercado, o que levou a taxa Selic a atingir 14,75% a.a. na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).

Diante da continuidade dessa política que fomenta a desigualdade social, uma vez que beneficia a elite rentista em detrimento daqueles que dependem do crédito para viver ou empreender, o Sindicato mantém sua postura combativa. Neiva Ribeiro, presidenta da entidade, reforça essa posição ao denunciar os impactos negativos de uma taxa Selic cada vez mais elevada.

"Os juros altos no Brasil representam um obstáculo significativo para o desenvolvimento econômico e para a vida dos trabalhadores. Enquanto o Banco Central mantém taxas elevadas, setores produtivos enfrentam dificuldades para investir, e a população se vê sufocada pelo endividamento crescente. Essa política monetária beneficia o mercado financeiro, mas penaliza quem produz e quem consome, aprofundando desigualdades e prejudicando a recuperação econômica. É urgente repensar essa lógica que privilegia poucos e penaliza a maioria."

Neiva Ribeiro
Presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região
Neiva Ribeiro em manifestação contra a alta dos juros realizada em frente ao BC, na Av. Paulista, em 30 de julho de 2024

Trava na economia

A taxa básica de juros (Selic), como o nome indica, tem impacto direto no juros cobrado em qualquer empréstimo. Dessa forma, todos os empreendedores passam a sofrer com juros mais elevados, dificultando investimentos para ampliação ou mesmo manutenção dos seus negócios. Isso resulta em menores níveis de emprego e de valorização salarial.

Ao mesmo tempo, donos de grandes volumes de capital passam a preferir o rentismo em vez de investimentos na economia real. Afinal, uma Selic alta garante retorno certo, sem os riscos de um negócio no setor produtivo. O resultado desse cenário é uma economia com o freio de mão puxado, ceifada de sua real capacidade de crescimento.

Prejuízo para os mais pobres

Um estudo recente divulgado pelo Valor Econômico, com base em dados do Serasa e outras fontes, aponta que o Brasil registrou 75,7 milhões de inadimplentes em março de 2025 — o equivalente a 46,6% da população adulta, ou quase metade dos brasileiros. Esse cenário é resultado direto da elevação das taxas de juros, que encarece o crédito e dificulta o pagamento de dívidas no cartão, empréstimos e financiamentos. Com isso, aumenta o endividamento e a inadimplência, afetando especialmente a saúde financeira da população mais vulnerável e reduzindo a capacidade de consumo das famílias.

Dívida pública e inflação

O ciclo de alta da Selic tem sido mantido sob pressão do mercado financeiro, com a justificativa de conter a inflação. A última ata do Copom destaca um cenário externo adverso, marcado pela política comercial dos Estados Unidos e seus impactos nas cadeias produtivas globais. No plano interno, a ata destaca a continuidade do crescimento econômico, com atividade e mercado de trabalho aquecidos, além da expansão do crédito bancário e da política fiscal, fatores que, segundo o comitê, contribuem para pressionar a demanda.

A ata do Copom menciona ainda a questão dos preços dos alimentos. Entretanto, tal situação não pode ser encarada como questão de demanda. A problemática é global e está atrelada a fatores como questões climáticas que pressionam o resultado da safra anual, questões logísticas, falta de estoques reguladores e problemas estruturais de centralização agrária. Portanto, aumentar os juros não deixará a comida mais barata, inclusive, pode deteriorar a situação dos pequenos produtores rurais e ter efeito adverso.

Além de ser uma solução inadequada para a inflação, a alta dos juros tem um grave efeito colateral na dívida pública. A última decisão do BC, que subiu a Selic de 14,25% para 14,75% a.a., elevou a DBGG (Dívida Bruta do Governo Geral) em R$ 50,3 bilhões por ano. Este montante representa aproximadamente 71% do valor do pacote de cortes anunciado pelo ministro Fernando Haddad, em 29 de novembro de 2024, de acordo com os cálculos do próprio BC.

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