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São Paulo não tem planejamento para o transporte

Linha fina
Falta de investimento e de integração da rede agravam problema da mobilidade dos paulistanos na cidade
Imagem Destaque

São Paulo – O caos na mobilidade urbana de São Paulo, com constantes apagões no transporte público, não é novidade para nenhum paulistano, que gasta em média duas horas para se deslocar entre a casa e o trabalho. Engarrafamentos, panes nos trens e metrôs superlotados, poucos corredores de ônibus e ausência de integração entre os diferentes meios de transporte demonstram a falta de planejamento urbano.

O assunto será tema do Seminário Mobilidade Urbana, no Auditório Azul do Sindicato na sexta-feira 15, como parte das mobilizações programadas pela CUT para cobrar mais investimentos no transporte público e debater a atual situação de São Paulo.

Estudos da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) indicam que é preciso tirar 30% dos automóveis da cidade de São Paulo para garantir fluidez. Uma das formas é investir nos ônibus que têm potencial para transportar 5 milhões de pessoas por dia e usando as mesmas vias dos 2,5 milhões de automóveis que circulam diariamente na capital.

Atualmente, existem somente 10 corredores de ônibus na cidade. O investimento mais recente feito para a expansão da via exclusiva para os coletivos aconteceu entre 2000 e 2004, quando foram construídos 70 quilômetros. O projeto previa a instalação de 328 quilômetros até 2008. No entanto, José Serra, ao assumir a prefeitura, não deu continuidade e abandonou os já construídos. A promessa do atual prefeito Gilberto Kassab de construir mais 68 quilômetros até 2011 ainda não saiu do papel.

“Na capital paulista, muitos usuários fazem a opção de ir a pé em grande parte do percurso, pois estão fugindo não só da má qualidade do serviço, mas do trânsito e também do alto custo tarifário”, avalia Patrícia Pereira Neves, do Instituto da Mobilidade Sustentável Rua Viva.

Metrô – Outro motivo de descontentamento da população são as frequentes panes graves que atingem o transporte por trilhos e a falta de investimento em expansão de linhas.

Desde 2007, já foram contabilizadas 100 panes no metrô. Nos trens da CPTM, foram 17 nesse ano e 41 no ano passado, além da morte de cinco funcionários, três colisões com 54 feridos e um descarrilamento de trem.

A expansão também deixa a desejar. Para comportar os cerca de 20 milhões de habitantes da região metropolitana, o metrô deveria ter, no mínimo, 200 quilômetros de linhas. Porém, nos últimos 16 anos, o crescimento médio anual de menos de dois quilômetros permitiu extensão de 74,3 quilômetros. No ritmo atual, seriam necessários cerca de 80 anos para se adequar ao ideal e se a população da cidade não crescesse.

De 2008 a 2011, a atual gestão da prefeitura prometeu investir no metrô R$ 2 bilhões, mas enviou até agora R$ 641 milhões. Apesar do repasse representar pouco mais de 30% do prometido, não foi por falta de verba que o metrô não avançou. Em 2011, segundo levantamento feito pela liderança do PT na Assembleia Legislativa, 70% dos recursos disponíveis não foram utilizados. De acordo com os dados da Sigeo (Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária), de 2008 a 2010, o governo tinha R$ 9,58 bilhões para investir, mas gastou apenas R$ 5,95 bilhões, 37% menos que o previsto. 

Mauricio Muniz, secretário do Programa de Aceleração do Crescimento (SEPAC) do Ministério do Planejamento, em seminário sobre mobilidade urbana, informou que o repasse dos recursos do governo federal ultrapassam R$ 5 bilhões destinados somente para a área de transportes no estado de São Paulo.

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Tatiana Melim - 13/7/2012
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