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Aumento das passagens revogado

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Prefeito Fernando Haddad acata apelo da sociedade, ouve recomendação do Conselho e anula aumento de R$ 0,20 cobrado em São Paulo desde o início de junho. Trem e metrô também têm reajuste cancelado
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São Paulo - As passagens de ônibus, trem e metrô voltam a valer R$ 3 em São Paulo. O prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin anunciaram a revogação do aumento cobrado desde o dia 2 de junho. Ambos afirmaram fazer o reajuste em nome da cidade.

“É um gesto de manutenção do espírito democrático, do convívio pacífico”, afirmou Haddad, destacando que acatava recomendação do Conselho da Cidade. “Em proveito do diálogo, reuni o Conselho da Cidade esta semana, ouvi todos os conselheiros. Conforme havia dito, não constituí o Conselho para não ouvi-lo em um momento delicado.”

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira (foto), faz parte do Conselho que reúne, além de lideranças dos movimentos sindical e social como a CUT, empresários, intelectuais, artistas e outros representantes da sociedade. “Essa situação só enfatiza a importância da formação desse Conselho e o respeito aos debates democráticos promovidos por ele. A reunião de terça-feira deixou claro ao prefeito a necessidade de revogar o aumento. Essa foi nossa posição, assim como também é a de que a questão do transporte público em São Paulo precisa passar por amplo debate”, ressalta a dirigente. “Temos de discutir a superlotação de trens, metrô e ônibus, a pequena extensão da malha viária do metrô e a possibilidade de funcionamento por 24 horas, com sugere projeto do deputado Luiz Claudio Marcolino. O transporte público tem de ser prioritário como é em outras partes do mundo. Aqui, divide o mesmo espaço com os carros particulares o que torna a mobilidade urbana caótica.”

Atos – A decisão de revogar o aumento das passagens foi tomada após uma série de protestos realizados na cidade de São Paulo, nas duas primeiras semanas de junho, e que ganharam muitas outras regiões do país.

Após três atos, a ação violenta da Polícia Militar na quinta-feira 13 – contra manifestantes, profissionais da imprensa e outros cidadãos que sequer participavam dos protestos – foi considerada o estopim que levou às ruas mais de 60 mil pessoas nos dias 17 e 18.

Assim, ao anunciar a alteração, o governador Alckmin disse tratar-se de um “sacrifício grande”, mas “importante para o transporte público e para a cidade ter tranquilidade”.

Investimentos – Conforme lembrou o prefeito Haddad, o reajuste válido desde o início de junho era de 6,67%, “abaixo da inflação, ao contrário do que acontecia nos últimos anos”. A inflação acumulada desde janeiro de 2011, quando do último aumento, foi de 15,5%. “Adiamos o reajuste para junho (tradicionalmente acontece no mês de janeiro) e quando fizemos já usamos a desoneração das taxas de PIS e Cofins para o transporte público, autorizada pelo governo federal.”

Para subsidiar os R$ 0,20 que deixam de incidir sobre o valor das passagens de ônibus, o município de São Paulo vai gastar R$ 1,4 bi ao ano. Se o aumento fosse mantido, o subsídio seria de R$ 1,2 bi. Para manter a passagem no preço atual de R$ 3 até o fim do mandato de Haddad, em 2016, a prefeitura deverá investir R$ 8,6 bi.

“Essa diferença tem de sair do lucro dos empresários, que arcam com uma parcela muito pequena do valor da passagem na nossa cidade. Enquanto em vários países do mundo a relação é de 1/3 para o prefeitura, 1/3 para os usuários e 1/3 para os proprietários das empresas de transporte, aqui os cidadãos pagam 70%, a municipalidade 20% e o empresariado somente 10%. Isso tem de mudar e vamos contribuir com esse debate no Conselho da Cidade”, completa a presidenta do Sindicato.


Cláudia Motta - 19/6/2013

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