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São Paulo – Em ação movida pelo Sindicato e com base em laudo médico, a Justiça condenou o Santander a reintegrar uma bancária que desenvolveu quadro de depressãp e síndromes de burnout e do pânico devido ao assédio moral praticado no ambiente de trabalho. A funcionária conseguiu ainda comprovar desrespeitos ao horário de almoço e impedimentos para uso do banheiro.
A síndrome de burnout caracteriza-se pelo estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas e psicológicas desgastantes. O principal sintoma é a sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, isolamento, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa autoestima.
Paula [nome fictício] começou a prestar serviços no Santander como telefonista terceirizada. Alguns anos nessa função e o Santander a contratou como caixa. Passado o período de experiência, começaram as cobranças por metas. Ela relata que nos primeiros meses conseguiu atingir os resultados. Depois passou a ter dificuldades, pois os clientes eram sempre os mesmos.
“Quando comecei a não bater as metas, vieram as cobranças nas reuniões. Falavam sempre que o banco está demitindo quem não bate as metas. Isso começou a afetar meu psicológico. Não conseguia mais dormir direito, ficava a noite toda pensando que tinha de bater a meta, senão seria demitida. Passou certo ponto em que não conseguia nem entrar na agência, porque lembrava que ia ser cobrada”, relata.
Humilhações em público – Ela conta que morava a cerca de duas horas da agência, o que esporadicamente acarretava em atrasos e que, segundo ela, também virou motivo para assédio moral. “Juntou a cobrança das metas com a vergonha que meu gestor fazia passar na frente dos meus colegas por causa dos atrasos. Comecei a ter crises depressivas e procurei o hospital psiquiátrico onde diagnosticaram depressão e síndrome do pânico. Comecei a fazer tratamento, e mesmo assim era sempre cada vez mais difícil trabalhar. Foi então que o médico do INSS me deu o afastamento.”
A bancária ficou seis meses afastada. No retorno pediu à médica para que intercedesse junto ao banco na tentativa de transferi-la para um local de trabalho mais perto da sua casa. A transferência veio, mas revelou toda a crueldade do RH do banco. “Me transferiram para uma agência pior ainda. A distância da minha casa era a mesma e lá era terrível, porque é muito lotada. Eles me mandaram para lá de propósito, porque sabiam que não ia aguentar e achavam que eu ia pedir as contas.”
Lá sua situação psicológica se agravou. Passados poucos meses da estabilidade pós-afastamento, veio a demissão, também carregada de desrespeitos. “Trabalhei o dia inteiro até que a gestora me chamou, disse que não me encaixo mais no quadro de funcionários devido às metas e me demitiu. Nem me deixaram mais ter acesso à agência. Outra pessoa teve que pegar meus pertences, me senti humilhada, como se desconfiassem de mim. Foi uma sensação muito ruim. Nem perguntaram se queria que chamasse alguém ou pedisse um taxi. Simplesmente me jogaram na rua. Imagina uma pessoa com quadro depressivo passando por uma situação dessa.”
Sindicato entra em ação – Foi aí que ela procurou o Sindicato, que por sua vez acionou o banco na tentativa de uma reversão da demissão. Em vão. O Santander mostrou-se irredutível, o que forçou a entidade a entrar com ação na Justiça Trabalhista. Em sua defesa, o banco alegou inépcia da trabalhadora.
O juiz Mauricio Pereira Simões, da 84ª Vara do Trabalho de São Paulo, deu razão à trabalhadora com base em laudo pericial. “Não há nenhuma dúvida de que a empregada não poderia ter sido dispensada naquele momento. Ela estava, sim, enferma e, o que é mais grave, a empregadora tinha conhecimento desse quadro, que teve como uma das causas as atividades realizadas em seu proveito”, escreveu em sua decisão que obrigou o banco a reintegrar a bancária e garantiu sua estabilidade no emprego.
"Tomo medicamento até hoje, ainda tenho depressão, e eu preciso trabalhar, mas que outra empresa vai contratar um funcionário doente? Eu era uma pessoa super saudável e fiquei doente trabalhando para o Santander, nada mais justo que eles arquem com o tratamento, que eu seja responsabilidade do banco”, afirma Paula.
Vitória pessoal – A trabalhadora encara a decisão judicial como uma vitória pessoal e a correção de uma injustiça perpetrada pela instituição financeira. “Eu me dediquei ao máximo, vesti a camisa da empresa e no momento em que eu precisei deles, simplesmente fui descartada como lixo. Por isso estou muito feliz por ganhar a ação. Imagina ficar quase dois anos desempregada, dependendo da ajuda de parentes e amigos para pagar aluguel e até para comprar comida. Agora vou poder voltar a ter dignidade."
“Este caso revela toda a má gestão dos bancos que atuam no país”, critica o secretário jurídico do Sindicato, Carlos Damarindo. “Essas empresas esfolam os trabalhadores até eles adoecerem, não oferecem serviço próprio de transporte aos bancários que trabalham longe de sua residência e ainda por cima humilham, desrespeitam e demitem aqueles funcionários que ficaram doentes por causa das condições de trabalho. É uma vergonha se levarmos em consideração o que o setor financeiro toma da sociedade em forma de juros, tarifas e demissões.”
A síndrome de burnout caracteriza-se pelo estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas e psicológicas desgastantes. O principal sintoma é a sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, isolamento, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa autoestima.
Paula [nome fictício] começou a prestar serviços no Santander como telefonista terceirizada. Alguns anos nessa função e o Santander a contratou como caixa. Passado o período de experiência, começaram as cobranças por metas. Ela relata que nos primeiros meses conseguiu atingir os resultados. Depois passou a ter dificuldades, pois os clientes eram sempre os mesmos.
“Quando comecei a não bater as metas, vieram as cobranças nas reuniões. Falavam sempre que o banco está demitindo quem não bate as metas. Isso começou a afetar meu psicológico. Não conseguia mais dormir direito, ficava a noite toda pensando que tinha de bater a meta, senão seria demitida. Passou certo ponto em que não conseguia nem entrar na agência, porque lembrava que ia ser cobrada”, relata.
Humilhações em público – Ela conta que morava a cerca de duas horas da agência, o que esporadicamente acarretava em atrasos e que, segundo ela, também virou motivo para assédio moral. “Juntou a cobrança das metas com a vergonha que meu gestor fazia passar na frente dos meus colegas por causa dos atrasos. Comecei a ter crises depressivas e procurei o hospital psiquiátrico onde diagnosticaram depressão e síndrome do pânico. Comecei a fazer tratamento, e mesmo assim era sempre cada vez mais difícil trabalhar. Foi então que o médico do INSS me deu o afastamento.”
A bancária ficou seis meses afastada. No retorno pediu à médica para que intercedesse junto ao banco na tentativa de transferi-la para um local de trabalho mais perto da sua casa. A transferência veio, mas revelou toda a crueldade do RH do banco. “Me transferiram para uma agência pior ainda. A distância da minha casa era a mesma e lá era terrível, porque é muito lotada. Eles me mandaram para lá de propósito, porque sabiam que não ia aguentar e achavam que eu ia pedir as contas.”
Lá sua situação psicológica se agravou. Passados poucos meses da estabilidade pós-afastamento, veio a demissão, também carregada de desrespeitos. “Trabalhei o dia inteiro até que a gestora me chamou, disse que não me encaixo mais no quadro de funcionários devido às metas e me demitiu. Nem me deixaram mais ter acesso à agência. Outra pessoa teve que pegar meus pertences, me senti humilhada, como se desconfiassem de mim. Foi uma sensação muito ruim. Nem perguntaram se queria que chamasse alguém ou pedisse um taxi. Simplesmente me jogaram na rua. Imagina uma pessoa com quadro depressivo passando por uma situação dessa.”
Sindicato entra em ação – Foi aí que ela procurou o Sindicato, que por sua vez acionou o banco na tentativa de uma reversão da demissão. Em vão. O Santander mostrou-se irredutível, o que forçou a entidade a entrar com ação na Justiça Trabalhista. Em sua defesa, o banco alegou inépcia da trabalhadora.
O juiz Mauricio Pereira Simões, da 84ª Vara do Trabalho de São Paulo, deu razão à trabalhadora com base em laudo pericial. “Não há nenhuma dúvida de que a empregada não poderia ter sido dispensada naquele momento. Ela estava, sim, enferma e, o que é mais grave, a empregadora tinha conhecimento desse quadro, que teve como uma das causas as atividades realizadas em seu proveito”, escreveu em sua decisão que obrigou o banco a reintegrar a bancária e garantiu sua estabilidade no emprego.
"Tomo medicamento até hoje, ainda tenho depressão, e eu preciso trabalhar, mas que outra empresa vai contratar um funcionário doente? Eu era uma pessoa super saudável e fiquei doente trabalhando para o Santander, nada mais justo que eles arquem com o tratamento, que eu seja responsabilidade do banco”, afirma Paula.
Vitória pessoal – A trabalhadora encara a decisão judicial como uma vitória pessoal e a correção de uma injustiça perpetrada pela instituição financeira. “Eu me dediquei ao máximo, vesti a camisa da empresa e no momento em que eu precisei deles, simplesmente fui descartada como lixo. Por isso estou muito feliz por ganhar a ação. Imagina ficar quase dois anos desempregada, dependendo da ajuda de parentes e amigos para pagar aluguel e até para comprar comida. Agora vou poder voltar a ter dignidade."
“Este caso revela toda a má gestão dos bancos que atuam no país”, critica o secretário jurídico do Sindicato, Carlos Damarindo. “Essas empresas esfolam os trabalhadores até eles adoecerem, não oferecem serviço próprio de transporte aos bancários que trabalham longe de sua residência e ainda por cima humilham, desrespeitam e demitem aqueles funcionários que ficaram doentes por causa das condições de trabalho. É uma vergonha se levarmos em consideração o que o setor financeiro toma da sociedade em forma de juros, tarifas e demissões.”
Rodolfo Wrolli – 19/6/2015