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Mundo reage a massacre em boate nos EUA

Linha fina
Líderes de organizações LGBT expressaram repúdio ao assassinato de 50 pessoas em boate nos Estados Unidos. Teve ato em São Paulo
Imagem Destaque
São Paulo – Líderes de organizações LGBTs de vários lugares do mundo expressaram repúdio e manifestaram solidariedade às pessoas que morreram ou ficaram feridas no ataque contra a boate Pulse, em Orlando, na Flórida, Estados Unidos, em que um atirador matou 50 pessoas e feriu 53, na madrugada de domingo 12.

O ataque é considerado um dos maiores massacres da história Estados Unidos. Levando-se em conta o número de mortos, só perde para os acontecimentos de 11 de setembro de 2001, quando aviões se chocaram contra as Torres Gêmeas de Nova York.

O atirador, identificado como Omar Mateen, foi morto pela polícia durante invasão da boate, onde ele mantinha reféns. Tinha 29 anos e era nascido nos Estados Unidos, filho de paquistaneses.

O prefeito de Orlando, Buddy Dyer, disse que a cidade, um dos maiores centros turísticos dos Estados Unidos, está abalada, mas vai achar forças para superar os acontecimentos. "Nossa comunidade é forte. Precisamos ajudar uns aos outros para lidar com essa situação", disse. "Hoje estamos lidando com algo que nunca imaginamos e é inacreditável", acrescentou Dyer.

"Foi com grande choque e consternação que a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intergêneros (Ilga) soube do tiroteio em massa em um clube gay em Orlando, Flórida, que é conhecido por seus programas comunitários", afirmou o diretor-executivo da Ilga, Renato Sabbadini. Com sede na Suíça, é uma das maiores entidades de defesa da comunidade LGBT do mundo e suas pesquisas sobre o assunto costumam ser acompanhadas pela Organização das Nações Unidas.

"Estamos devastados por esta tragédia e não podemos imaginar a extensão do terror sobre o que estava previsto para ser uma noite de diversão para muitos membros da nossa comunidade e seus aliados", acrescentou Renato Sabbadini.

Nos Estados Unidos, outros líderes LGBT e entidades também emitiram declarações de solidariedade. A Equality Florida iniciou uma campanha para angariar fundo destinado a ajudar as famílias das vítimas. "Estamos de coração partido e enojados com essa violência sem sentido, que destruiu vidas em nosso estado e em nosso país", informou.

O diretor da Assembleia Igualitária LGBT, Roddy Flynn, também condenou o ataque e disse que a tragédia terá "impacto relevante sobre toda a comunidade".

Brasil - No Brasil, um ato na Avenida Paulista, em São Paulo (fotos), homenageou as vítimas de homofobia. Com velas e faixas, diversas pessoas fizeram uma vigília pelos mortos do massacre em Orlando. O ato, chamado de Vigília pelas Vítimas de LGBTfobia, foi convocado pelas redes sociais.

O estudante de psicologia Bruno Zaidan, 22 anos, militante do movimento Juntos LGBT, disse que foi “claramente um ato LGBTfóbico. Ainda estão vendo a ligação com o Estado Islâmico, mas é claramente um ato LGBTfóbico, como vemos acontecer diariamente no Brasil”.

Zaidan criticou ainda a nota do Itamaraty sobre o massacre: “A nota diz que isso é simplesmente um caso de terrorismo quando, na verdade,  é um caso que reflete também, além de quaisquer motivações terroristas que estejam envolvidas, toda cultura LGBTfóbica onde estamos inseridos”.

Maju Giorgi, 50 anos, do movimento Mães pela Diversidade, diz que outras mães estavam presentes para dizer “que nossos filhos não vão ser estatística”. “Estamos super consternadas porque poderia ser um de nossos filhos”, afirmou. “O Brasil é campeão mundial de assassinatos por violência homofóbica. A cada dia, no ano passado, 315 LGBTs foram mortos. Vamos nos emocionar por tudo, não só por um ato isolado e nos mobilizar por tudo porque aqui se matam quatro vezes mais, por ano, do que mataram ontem”.

A presidenta eleita Dilma Rousseff lamentou o atentado. "Estamos vivendo momentos terríveis, tempos de preconceito e intolerância que ceifam vidas humanas", disse. Pelo Twitter, manifestou seus sentimentos às famílias das vítimas, ao presidente norte americano, Barack Obama, e ao povo dos Estados Unidos. "Vamos juntos lutar contra esta barbárie".

Obama - Em pronunciamento, Obama afirmou que "o FBI está investigando apropriadamente isso como um ato de terror. Vamos aonde quer que os fatos nos levem, o que está claro é que ele [o atirador] era uma pessoa cheia de ódio".

O presidente disse que o massacre poderia ter ocorrido em qualquer comunidade dos Estados Unidos e disse que "este é um dia especialmente doloroso para os nossos amigos que são gays, lésbicas, bissexuais ou transgêneros".

"Este massacre é, portanto, mais um lembrete de como é fácil para alguém colocar as mãos em uma arma que possibilita atirar em pessoas em uma escola, em uma casa de culto, ou em um cinema ou em uma boate", afirmou Obama. "Nós temos que decidir se esse é o tipo de país que queremos ser", acrescentou o presidente norte-americano, numa referência aos esforços que tem feito para que o Congresso dos Estados Unidos – que tem maioria do Partido Republicano, de oposição – aprove uma legislação de controle de armas.

Obama disse ainda que a Pulse é mais do que apenas uma casa noturna. É "um lugar de solidariedade e empoderamento [para a comunidade gay]".

O presidente determinou que as bandeiras americanas sejam hasteadas a meio mastro. "Esse é um lembrete de que os ataques a qualquer americano, independentemente de raça, etnia, religião ou orientação sexual, são um ataque contra todos nós e sobre os valores fundamentais da igualdade e dignidade que nos definem como um país."

Interino - Também pelo Twitter, o presidente interino, Michel Temer, lamentou o tiroteio. "Quero lamentar enormemente a tragédia nos Estados Unidos que vitimou dezenas de norte-americanos. Expresso a solidariedade brasileira às famílias das vítimas".


Rede Brasil Atual, com informações da Agência Brasil e edição da Redação - 13/6/2016
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