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Chapéu
Sem direitos

Sindicato promove seminário sobre infoproletariado

Linha fina
Debate, que reunirá especialistas sobre o tema, será no dia 1º de julho, a partir das 16h30, na sede da entidade. É gratuito, mas requer inscrição prévia
Imagem Destaque
Montagem: Linton Publio/Seeb-SP

*Atualização: leia a reportagem sobre o seminário aqui.

O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e a Faculdade 28 de Agosto promoverão, na segunda-feira 1º de julho, o seminário Infoproletários: para onde vão os trabalhadores?. O evento reunirá especialistas sobre o tema, e ocorrerá das 16h30 às 20h, no auditório azul da sede da entidade, no Edifício Martinelli (Rua São Bento, 413, Centro). É gratuito, mas requer inscrição prévia (preencha o formulário de inscrição abaixo). Os participantes receberão certificados.

“Hoje vivenciamos um fenômeno extremamente preocupante no mundo do trabalho: uma quantidade cada vez maior de pessoas desconectadas de direitos e de qualquer organização que lhes garanta união para agir contra a exploração a que são submetidas. Elas não são empregadas, são autônomas que prestam serviços por meio de aplicativos, como Uber, Uber Eats, I-Food, Rappi... Esses trabalhadores só contam com seus faturamentos diários, e boa parte dos valores que conseguem por um dia de trabalho vai para os donos do app. Assim, muitos trabalham mais de 12 horas por dia e todos os dias da semana para garantir seu sustento. E eles não usufruem de quaisquer benefícios que um empregado com carteira assinada possui, como horas extras, auxílios doença ou acidentário, FGTS, aposentadoria. É a tecnologia, que deveria libertar os homens, sendo usada para uma espécie de escravidão moderna”, destaca o secretário de Saúde do Sindicato, Carlos Damarindo, o Carlão.

> Os infoproletários, a tecnologia e a uberização do trabalho
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O objetivo do seminário, segundo o dirigente, é ampliar o debate sobre essa realidade, que principalmente num país que está estagnado economicamente, alcança mais e mais trabalhadores. “Chegamos a um índice de desemprego alarmante no Brasil [13,2 milhões no primeiro trimestre do ano]. E é comum vermos engenheiros, professores, jornalistas e bancários tendo de trabalhar como uber. É preciso repensar esse universo, que se agrava ainda mais com a reforma trabalhista que legalizou contratos precários, e procurar formas de organização dessa parcela cada vez maior de trabalhadores sem direitos”, diz.

A diretora do Sindicato e pesquisadora da Faculdade 28A, Ana Tércia Sanches, destaca que o tema é relevante para toda a sociedade. “Na medida em que as formas precárias de emprego se ampliam, quem está representado e organizado em uma categoria profissional, como é o caso dos bancários, torna-se parte de um grupo cada vez mais restrito.”

Ana Tércia, uma das palestrantes do evento, lembra ainda que como essas modalidades de trabalho estão desregulamentadas, todos os riscos inerentes ao trabalho recaem para o trabalhador ou para a sociedade. “Por exemplo, se um jovem que trabalha de bicicleta sofre um acidente, será atendido pelo SUS; se ele perde a capacidade de trabalhar, o Estado deverá resguardar sua dignidade como ser humano. Enquanto isso, a empresa, muitas vezes sediada em outro país, aufere lucros altíssimos e não assume responsabilidade alguma.”

Palestrantes 

O seminário reunirá a socióloga Luci Praun, professora da Universidade Federal do ABC e autora de livros como Reestruturação Produtiva, Saúde e Degradação do Trabalho (editora Papel Social) e de artigos como A Sociedade dos Adoecimentos no Trabalho, incluído no livro O Privilégio da Servidão (editora Boitempo), organizado por Ricardo Antunes.
Participa também a participação da procuradora do Trabalho Tatiana Leal Bivar Simonetti, autora de investigações e processos que resultaram na condenação, por trabalho análogo à escravidão, de grandes empresas como M. Officer.

E ainda do Carlos Juliano Barros, cineasta e roteirista brasileiro, diretor do documentário GIG – A Uberização do Trabalho. 

O debate contará ainda com a diretora do Sindicato, professora e pesquisadora da Faculdade 28 de Agosto, Ana Tércia Sanches. Formada em História pela PUC de São Paulo, Ana Tércia possui doutorado em Sociologia pela USP (Universidade de São Paulo) e é especialista em temas como terceirização, inovações tecnológicas e reestruturação produtiva no setor bancário. É autora do livro Trabalho bancário: inovações tecnológicas, intensificação de controles e gestão por resultados, e atualmente pesquisa o tema da Quarta Revolução Industrial e dos impactos da digitalização nos processos de trabalho.

Confira a programação

Seminário Info-Proletários: Para onde vão os trabalhadores?
Data 01/07 – 16h30 Exibição do Filme: GIG- A Uberização do Trabalho 
                      Das 18 h as 20 h  - Seminário/Debate 
Palestrantes/entrevistados
    - Luci Praun (UFABC)  
    - Tatiana Leal Bivar Simonetti(MPT/SP) e Tatiana Lima Campelo (MPT/SP)
    - Carlos Juliano Barros (Diretor do Filme GIG – A Uberização do Trabalho) 
    - Ana Tércia Sanches (Faculdade 28 de Agosto)

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