O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, por meio do Coletivo de Gênero, lançou em março de 2021, a campanha Dignidade menstrual é um direito, que tem como objetivos arrecadar absorventes para as mulheres em situação de vulnerabilidade, alertar sobre a situação da pobreza menstrual existente no Brasil e pressionar os governos à desenvolverem políticas públicas que possam atender essa parcela da população.
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A pobreza menstrual, como é chamada pela Organização das Nações Unidas (ONU), é caracterizada pela falta de acesso a recursos, infraestrutura e até conhecimento por parte de pessoas que menstruam para cuidados envolvendo a própria menstruação.
Desde 2014, a ONU reconhece o direito das mulheres à higiene menstrual como uma questão de saúde pública e de direitos humanos e, estima que uma em cada dez meninas perdem aula quando estão menstruadas, 12% das meninas em todo o mundo vivem em situação de pobreza menstrual e chegam a faltar até 45 dias na escola por falta de absorventes.
Pobreza menstrual no Brasil
Em 28 de maio, celebrado como o Dia Internacional da Dignidade Menstrual, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançaram relatório que traça um panorama alarmante da realidade menstrual vivida por meninas brasileiras.
De acordo com o estudo “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos”, 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas.
Pesquisa on line, realizada em 2018, por uma marca de produtos de higiene, com 9.062 entrevistadas, revelou que 30% das mulheres no Brasil, dentre elas meninas, mulheres, homens trans, pessoas não binárias e intersexuais em diversas idades e condições econômicas menstruam, mas não tem acessos a absorventes ou porque não têm dinheiro ou porque não são vendidos perto de casa.
Ação já começa a surtir efeitos
Uma das primeiras ações da campanha de arrecadação de absorventes que tem como lema Dignidade Menstrual é um Direito, arrecadou 400 pacotes de absorventes e que já foram entregues para mulheres indígenas das tribos Tapemirim e Tenodé Porã, localizadas na Barragem, extremo-sul de São Paulo.
"Conversando com lideranças indígenas, soubemos que ali as mulheres sofrem com a pobreza menstrual, e para amenizar o problema, elas usavam métodos improvisados com uso de papelão, toalhas e até mesmo folhas de árvores, o que não é recomendado pelo alto risco para a saúde delas. Conseguimos no primeiro momento, doar 400 pacotes, mas o trabalho precisa continuar para que chegue a outras mulheres", destaca Maria de Loudes, a Malu, dirigente sindical e bancária do Bradesco.
As doações podem serem entregues na Quadra dos Bancários (Rua Tabatinguera, 192- Sé), centro de São Paulo ou, se preferir, através de doações na vaquinha on line, clicando aqui.