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Desabrigados aguardam para retirar pertences

Linha fina
Grupo de aproximadamente 100 moradores tenta salvar alguma coisa após incêndio que matou três pessoas na favela Heliópolis, em São Paulo
Imagem Destaque

São Paulo - Um grupo de aproximadamente 100 pessoas aguardavam na manhã de segunda 8, sob chuva, uma liberação para entrar nas casas e retirar pertences após incêndio na madrugada de domingo 7 na favela de Heliópolis, zona sul de São Paulo.

A tragédia provocou a morte de três pessoas e deixou 19 feridas, três delas em estado grave. Inicialmente falava-se em oito feridos Segundo o Corpo de Bombeiros, os corpos ainda não foram identificados porque ficaram totalmente carbonizados.

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“Estou esperando aqui para ver se ficou algo para eu aproveitar. Mas se entrar ali, é perigoso desabar alguma coisa em cima de mim”, disse Edilson Carneiro de Souza, 35 anos, frentista, um dos moradores que perdeu a casa e todos os móveis. Ele conta que morava em dois cômodos com um amigo e estava sozinho no momento do incêndio.

Uma das moradoras é Tereza Martinez, 51 anos, desempregada. Ela conta que morava sozinha em um barraco de apenas um cômodo. “Eu vivi aqui há mais de 25 anos e agora perdi tudo. Só fiquei com a roupa do corpo e consegui salvar meus documentos. Não tenho para onde ir e estou dormindo no posto de gasolina”, disse.

70% atingidos - De acordo com o tenente Alexandre Obvioslo, do Corpo de Bombeiros, a entrada dos moradores continua proibida. Segundo ele, ainda não há previsão de quando o local será liberado, pois as estruturas ainda oferecem riscos. “Como se trata de residências precárias, com bastante improvisação, vai ser necessária uma análise mais criteriosa da defesa civil”, declarou.

O tenente estima que 70% da comunidade, que representa um pequeno conglomerado de toda a favela, tenham sido atingidos. Isso equivale a 50 barracos. As moradias são, na maioria, verticalizadas, com casas de até cinco andares.

O Corpo de Bombeiros ainda trabalha na busca por desaparecidos. “Neste tipo de catástrofe, em que não se sabe o número de moradores ao certo, a gente precisa continuar as buscas.” disse o tentene. A orientação dos bombeiros para os moradores que tenham sentido a falta de alguém durante o incêndio é que avise o posto de comando montado em frente à comunidade.

Entre os cerca de 850 desabrigados, a maioria passou a noite em casa de parentes e amigos. Cerca de 50 ficaram na sede do Movimento Sem Teto Ipiranga, enquanto outros permaneceram em um posto de gasolina próximo à comunidade. O prédio do MSTI recebeu nesta manhã aproximadamente 100 pessoas, que devem ficar acomodadas em um espaço de cinco salas e quatro banheiros. “Nesta noite dormiram 50 pessoas aqui, mas o local pode receber mais gente. Existe uma sala cheia de doações de roupas, que a agente vai limpar para abrigar mais famílias”, disse o coordenador do MSTI, Ercio José Rodrigues.

Assistentes sociais da prefeitura de São Paulo também estão no local prestando auxílio aos moradores, com roupas e alimentação. Eles cadastram as famílias que passarão a receber aluguel social no valor de R$ 400 por mês. A prefeitura também estuda construir moradias populares próximas ao local dos barracos que pegaram fogo.

Ainda não há informações das causas do incêndio. Porém, alguns moradores declaram ter avistado a queda de um balão, o que pode ter iniciado o fogo na comunidade.


Fernanda Cruz, da Agência Brasil - 8/7/2013

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