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Organização da mulher negra impulsiona igualdade

Linha fina
Na semana em que se comemorou o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, secretária municipal de Políticas para as Mulheres de São Paulo ressalta importância da pasta para reduzir desigualdade
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São Paulo – Na semana em que foi celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, disse que, embora esse segmento esteja entre os que mais sofrem os efeitos do racismo, as mulheres negras são também as mais preparadas para transformar essa realidade.

A avaliação da situação da mulher negra na sociedade brasileira foi feita pela ministra durante a abertura da sexta edição do Latinidades – Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, no dia 22.

Em artigo para a Rede Brasil Atual, Denise Motta Dau, secretária municipal de Políticas para as Mulheres de São Paulo (SMPM), ressalta que as pesquisas realizadas nos últimos anos demonstram a gravidade da situação enfrentada pela mulher negra: o menor nível de escolaridade, trabalha mais, porém com rendimento mínimo, em condições precárias e de informalidade. Para Denise, as poucas mulheres que conseguem romper as barreiras do preconceito e da discriminação racial e ascender socialmente necessitam se empenhar mais e abdicar de outros aspectos de suas vidas, como lazer, relacionamento, maternidade.

Segundo publicação sobre igualdade racial com artigos de especialistas e reflexões, lançada no evento Latinidades, 56% dos trabalhadores domésticos no Brasil são mulheres negras. Elas também estão em desvantagem em estatísticas relacionadas à saúde e educação. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010. O livro foi organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Para Denise Motta Dau, essa realidade, que manifesta resquícios do período de escravidão, tem sido transformada pela luta e organização desse segmento na América Latina e no Caribe. “Apesar de ainda em desvantagem, mais mulheres e mais mulheres negras estão se inserindo na universidade e no mercado de trabalho, estão conquistando espaços importantes na economia, na sociedade, na política”, relata. Para a secretária, essas mulheres estão lutando para transformar a realidade, superar as desigualdades e construir uma nova cultura na sociedade, de combate à opressão de gênero e ao racismo.

“É visível o avanço no processo de empoderamento da mulher. Demonstração disso é a ascensão das mulheres ao posto mais alto do país”, cita Denise, referindo-se a três presidentas – Dilma Rousseff (Brasil), Cristina Kirchner (Argentina) e Laura Chinchilla (Costa Rica) – eleitas e reconhecidas pelo seu projeto político e pelos destinos para os quais conduziram seus países. “Essa conquista, contudo, demonstra a necessidade de também priorizar-se a questão racial no enfrentamento à opressão de gênero.”

São Paulo – Denise, à frente da recém-criada secretaria, ressaltou que a nova pasta tem como missão promover ações que fortaleçam as políticas públicas de empoderamento das mulheres negras, de conquista de cidadania e de combate à violência e à discriminação.

Nesse sentido, está sendo constituída parceria entre a SMPM e a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial (SMPIR), com o objetivo de desenvolver projetos no âmbito do trabalho e da geração de renda, que consigam contribuir para a redução da exclusão enfrentada pelas mulheres negras.

Sobre o dia – O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado 25 de julho, é mais do que uma data comemorativa: é um marco internacional da luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe. Foi instituído, em 1992, no 1º Encontro de Mulheres Afrolatino-Americanas e Afrocaribenhas, para dar visibilidade e reconhecimento à presença e à luta das mulheres negras nesse continente.


Agência Brasil e Rede Brasil Atual, com edição da Redação – 26/7/2013

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