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Unesp investiga pichações racistas em Bauru

Linha fina
Professor agredido diz que reforçará ações pedagógicas para evitar novos crimes no futuro e que fará boletim de ocorrência, cobrando a identificação dos responsáveis
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São Paulo – A Universidade Estadual Paulista (Unesp) já iniciou as investigações para identificar os responsáveis pelas pichações racistas feitas em banheiros do Departamento de Comunicação Social no campus de Bauru (a 330 quilômetros de São Paulo). Os criminosos estarão sujeitos ao Regimento Geral da Unesp e podem sofrer desde advertências até o desligamento da instituição.

Com teor extremamente agressivo, as pichações atacavam mulheres negras, os coletivos de jovens afrodescentes da instituição e o professor do curso de Jornalismo e militante do movimento negro Juarez Tadeu de Paula Xavier, de 55 anos: "Unesp cheia de macacos fedidos", "Negras fedem" e "Juarez macaco" eram algumas das frases escritas. Após o registro fotográfico para o processo, os dizeres foram apagados. Em solidariedade, alunos penduraram nos banheiros cartazes contra racismo e em apoio ao movimento negro.

“Os banheiros sempre serão uma porta para esses comportamentos. É comum ter visto com certa frequência ofensas contra mulheres e grupos homoafetivos. Mas de uma forma tão orquestrada assim é a primeira vez que eu vejo”, lamentou o professor Juarez à TV Unesp.

“Internamente, vamos abrir uma comissão processante que vai ter por objetivo apurar o que aconteceu e criar mecanismos para coibir essa prática no futuro. Externamente, vamos fazer aquilo que temos recomendado: vamos abrir um boletim de ocorrência, fazer denúncia de racismo e pedir para que haja acompanhamento por parte da Polícia Civil nas investigações possíveis. Não é só punitivo. Tem uma dimensão didática e pedagógica para evitar isso no futuro”, completou o professor.

Em nota, a Unesp disse que repudia as pichações racistas. “Trata-se de um ato contra o Estado democrático de Direito, a população afrodescendente e a política de inclusão adotada pela Unesp”, diz o texto. O processo de investigação inclui o levantamento de informações, a obtenção de nomes, datas e horários que possam resultar em provas da responsabilidade do crime.

“A gente sabia que essas manifestações racistas iam aparecer. A tendência é que elas apareçam cada vez mais, na medida que estamos ocupando cada vez mais esse espaço universitário, que não foi criado para nós”, afirmou o estudante da universidade e militante do movimento negro Pedro Borges à TV Unesp. “A gente sabe que isso acontece diariamente de outras formas: acontece no trânsito, nos escritórios, no dia a dia do Brasil. Quando vem à tona, a gente já estava esperando”, afirmou o também estudante e militante do movimento negro Solon Neto.

Dezenas de alunos e amigos manifestaram apoio público ao professor em sua página no Facebook. “Indignado! Esse é o sentimento que me toma. Já faz 10 anos que me formei no curso de Jornalismo e o professor Juarez Xavier foi um dos docentes mais fantásticos e humanos de todo os quatro anos de curso”, diz o ex-aluno Lincoln Tavares de Melo. “Esse é o meu professor... um dos melhores que já tive!! Orgulho de ter sido sua aluna”, publicou a internauta Cibelli Marthos. “É difícil, pra mim, acreditar que coisas assim ainda acontecem. Força, Juarez Xavier. Que vergonha, Unesp Bauru”, postou Fernanda Barban.


Rede Brasil Atual - 29/7/2015
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